Agricultura no Brasil: história, desenvolvimento e as tendências para o futuro
Não é novidade que a agricultura é considerada uma das bases econômicas mais importantes do Brasil. Mas você sabe como a agricultura surgiu ou se desenvolveu em nosso país? E suas perspectivas para o futuro?
No artigo de hoje vamos falar sobre a história da agricultura no Brasil, sua origem, classificações, tendências para o futuro e muito mais.
Então, se você tem curiosidades sobre o assunto, este o artigo é ideal para você!
Confira a seguir!
O que é a agricultura?
Em resumo, a agricultura pode ser definida como um conjunto de técnicas concebidas para cultivar a terra a fim de obter produtos e garantir a subsistência alimentar do ser humano, bem como matérias-primas para produção de combustível, medicamentos, ferramentas, roupas dentre outros.
História da agricultura – Como surgiu a agricultura? Qual é a sua origem?
A princípio, a prática da agricultura surgiu cerca de 12 mil anos atrás durante o período neolítico, sendo um dos processos constitutivos das primeiras civilizações.
Nesse sentido, ela foi desenvolvida de forma gradual, sendo que a plantação de cereais e tubérculos foram as primeiras formas de cultivo.
A partir de então, o homem percebeu que algumas sementes, quando plantadas, germinavam e que os animais podiam ser domesticados. Assim, esse período também foi marcado pelo início da pecuária, com a gradual domesticação e criação de animais, que até então eram selvagens.
Ademais, algumas técnicas agrícolas possibilitavam uma produção excedente, permitindo assim, as trocas comerciais, dando início também a atividade econômica. Os excedentes também funcionavam como fonte de segurança alimentar nos casos em que o cultivo fosse prejudicado por fatores naturais, como seca prolongada, geada ou excesso de chuvas.
Dessa forma, a agricultura se tornou um exercício importante para a constituição e manutenção da sociedade.
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Como a agricultura se desenvolveu no Brasil?
Em suma, a agricultura brasileira, com objetivos comerciais, teve início na região nordeste, no século XVI, com a criação das chamadas “Capitanias Hereditárias” e o início do cultivo da cana.
Nesse período, a atividade era baseada na monocultura, mão de obra escrava e grandes latifúndios. Por isso, ficava restrita ao cultivo de cana e algumas culturas para fins de subsistência da população da região.
No entanto, só a partir do século XVIII com a mineração e o início das plantações de café, o cultivo de outros vegetais começa a ganhar mais destaque.
Vale destacar que a cafeicultura no Brasil representou uma nova fase econômica no país. Por isso, a história da agricultura está intimamente ligada com o desenvolvimento do país, sobretudo a partir do século XIX quando o café se tornou o principal artigo de exportação brasileiro, logo após o declínio da mineração.
Entretanto, o cultivo do café, que durante todo o século XIX gerou fortunas e influenciou de forma significativa a política do país, começou a declinar por volta de 1902 quando a crise atingiu seu ponto culminante.
Com isso, o Brasil produziu mais de 16 milhões de sacas de café, enquanto que o consumo mundial pouco ultrapassava os 15 milhões, fazendo com que o preço do café, que já estava em queda, chegasse a 33 francos.
A partir de então, houve uma necessidade de maior diversidade na economia que, entre outras atividades, começava a valorizar outros tipos de culturas. Somado a isso, o aumento da urbanização do país trouxe novas exigências e necessidades como o aumento do cultivo de matérias-primas. Mas, só a partir de 1940 essas mudanças se tornaram efetivas.
Nos dias atuais, segundo dados da Embrapa, o Brasil ocupa 75,4 milhões hectares de área plantada. Sendo que, o cultivo de grãos representa 62,9 milhões de hectares.
O que caracteriza a agricultura familiar?
Primeiramente, a agricultura familiar pode ser caracterizada como toda forma de cultivo administrada por uma família, na qual a mão de obra é realizada pelos próprios membros.
Além disso, a produção de alimentos ocorre em pequenas propriedades de terra e se destina a subsistência do produtor rural e ao mercado interno do país.
Dessa forma, ela se diferencia das grandes produções do agronegócio, que produzem em massa um único gênero alimentar, como soja ou milho, destinado à exportação e a alimentação de animais para pecuária.
De acordo com o Censo agropecuário de 2017, realizado pelo IBGE, 77% dos estabelecimentos agropecuários são classificados como sendo de agricultura familiar. Sendo que, a concentração desse tipo de produção está localizada em maior parte nas regiões norte, nordeste e em pontos da região sul do país.
Por outro lado, os estados de Pernambuco, Ceará e Acre possuem a maior concentração de agricultura familiar por área no país, enquanto os estados do Centro-Oeste e São Paulo, são as regiões que possuem menores níveis de concentração.
Além disso, o censo aponta que a agricultura familiar no país é responsável por empregar 10,1 milhões de pessoas e corresponde a 23% da área de todos os estabelecimentos agropecuários.
Nesse sentido, esses pequenos agricultores são responsáveis por produzir cerca de 70% do feijão nacional, 34% do arroz, 87% da mandioca, 60% da produção de leite e 59% do rebanho suíno, 50% das aves e 30% dos bovinos.
De que forma a agricultura pode ser classificada?
Em resumo, classifica-se a agricultura em:
Antiga: sua prática utiliza força humana e animal;
Moderna: utiliza energia a vapor e eletricidade;
Contemporânea: opera através de meios tecnológicos;
Orgânica: baseada em métodos naturais de adubação e de controle de pragas;
Sustentável: usa métodos para aumentar a produção diminuindo a degradação ambiental, está relacionada à agricultura orgânica.
Sistemas Agrícolas
Enquanto as atividades agrícolas são classificadas de acordo com as técnicas de cultivo e distribuição dos seus produtos, os sistemas agrícolas podem ser divididos em dois grupos:
Agricultura Intensiva: sistema realizado em áreas de grande extensão, destinada à exportação. Dessa forma, ela é caracterizada por produtividade elevada, mão de obra qualificada e a alto nível de mecanização.
Agricultura Extensiva: modalidade que possui pouco capital investido e é caracterizada pela baixa produtividade, mão de obra rudimentar e ausência de tecnologias avançadas. Nesse sentido, esse sistema é adotado por pequenas propriedades rurais, sendo que, normalmente, sua produção destina-se ao mercado interno.
Quais culturas predominam no Brasil? O que mais se planta?
O Brasil possui uma diversidade de culturas em diferentes regiões. A seguir, vamos citar algumas que se destacam no país.
Café
Por muito tempo permaneceu circunscrito ao Paraná e a São Paulo, produzindo pelo regime de parceria. Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo conservam a dianteira da produção. No entanto, Bahia e Rondônia surgiram como novas áreas produtoras, com uma particularidade: são cultivadas, principalmente, por paranaenses, antigos produtores do norte do Paraná.
Nos últimos anos o Paraná tem ampliado em grande proporção a produção de café, pela introdução de espécies novas (café adensado),desenvolvidas pelo IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná).
Soja
Nos anos 70 expandiu-se no Brasil, especialmente nos estados do Paraná e do Rio Grande do Sul. Embora tivesse uma cultura típica de exportação, hoje a soja está cada vez mais voltada para o mercado interno. Isso se deve ao crescente consumo de margarinas e óleos na alimentação do brasileiro.
Atualmente, constata-se sua expansão nas áreas do cerrado, sobretudo nos estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Bahia.
Cana-de-açúcar
Cultivada no Brasil desde o século XVI, a produção de cana-de-açúcar ganhou estímulo a partir de 1975, com a criação do Proálcool.
Hoje, o Estado de São Paulo possui mais da metade da produção nacional. No entanto, ela também pode ser encontrada em Goiás, Paraná, Rio de Janeiro, além de estados nordestinos (Zona da Mata).
Laranja
O cultivo de laranja é realizado em grande quantidade para atender à demanda da indústria de sucos. Hoje, o estado de São Paulo é o seu principal produtor, entretanto, o Paraná e Minas Gerais estão se convertendo em novas e importantes áreas de produção.
Vale destacar que atualmente o Brasil é um grande exportador de suco concentrado, principalmente para os EUA.
Arroz
Em síntese, o Rio Grande do Sul é o maior produtor nacional de arroz irrigado. No entanto, outros estados se destacam nesse tipo de cultura como: Santa Catarina, Minas Gerais, Mato Grosso, Maranhão, Goiás e São Paulo.
Ademais, podemos destacar outros produtos como: o trigo (são consumidos 80% de sua produção internamente),o algodão (usado em empresas têxteis e de enlatados) , o cacau e o milho.
Papel da tecnologia no aumento da produção agrícola
A princípio, o uso da tecnologia no campo pode impactar positivamente a quantidade e qualidade dos alimentos produzidos.
Sendo assim, a tecnologia exerce o importante papel de favorecer o aumento da produtividade e consequentemente suprir a demanda gerada pelo aumento da população global.
Diante disso, da pré à pós-produção, as ferramentas tecnológicas contribuem para elevação da produção, ainda que no mesmo espaço. Ademais, elas são ótimas alternativas para o combate de desperdícios de água, fertilizantes e defensivos.
Na prática, existem tecnologias específicas para cada momento, desde o melhoramento genético para a produção de sementes até a comunicação com os consumidores finais. Confira!
Pré-produção
Em primeiro lugar, essa etapa está associada aos processos realizados antes do plantio no campo, como exemplo, podemos citar o desenvolvimento de sementes. Nesse caso, não há participação do agricultor, mas sim de pesquisadores.
Desse modo, caso o produtor queira utilizar uma semente transgênica, é necessário recorrer à tecnologia, visto que, esse tipo de semente demanda muita ciência para ser desenvolvida.
Produção
Em seguida, temos a produção, que está relacionada a atuação no campo. Sendo assim, emprega-se a tecnologia nas fases de plantio e colheita, inclusive, com a participação do agrônomo, agricultor e do responsável pela operação de tecnologias como o drone, por exemplo.
Nessa etapa, é possível utilizar as seguintes tecnologias:
- Sensoriamento remoto;
- SIG (Sistema de Informação Geográfica) para automação das etapas de plantação e colheita;
- Drones para mapeamento da área e identificação de pragas;
- Maquinários com piloto automático;
- Colhedoras com dispositivos inteligentes;
- Sistemas de navegação.
Pós-produção
Por fim, a pós-produção é a etapa onde utiliza-se os dados coletados pelos drones e outros sensores, que por sua vez, são enviados a um computador equipado com um software de leitura dessas informações.
Assim, após a colheita, a distribuição, processamento e consumo da safra passam por análise a partir da ajuda das seguintes ferramentas:
- Computação em nuvem, capaz de armazenar grandes volumes de dados;
- Análises de dados para orientação de mercado e logística;
- Dispositivos móveis e redes sociais para monitorar o mercado.
Quais são as tendências para o futuro?
De acordo com um estudo realizado pela Embrapa, as próximas décadas devem ser de mudanças importantes na distribuição espacial da população global. Logo, até 2030, mais de 90% da população dos países em desenvolvimento, sobretudo na África Subsariana e na Ásia, terá se urbanizado, o que trará implicações importantes em termos de consumo de alimentos, água e energia.
A empresa ainda afirma que as projeções indicam uma forte expansão da classe média na população mundial, sendo a maior porção nos países da Ásia. Isso significa que em 2030, 60% da população mundial deverá estar no estrato da classe média, um crescimento de 15 pontos percentuais em comparação com 2016.
Em outras palavras, o aumento da renda implicará em mudanças nos padrões de consumo, o que resultará na expansão da demanda por carne, frutas e vegetais, na redução do consumo de alimentos básicos, na diversificação da cesta de consumo, bem como no aumento da demanda por produtos mais elaborados.
Entre as carnes, a de aves é aquela que apresenta maior expectativa de crescimento da demanda. Nesse sentido, as importações por parte dos principais países compradores devem crescer 24%.
Por outro lado, o comércio mundial de soja deverá crescer 25%, ou 36 milhões de toneladas, em 10 anos. A China será responsável por 85% desse aumento. A Índia, por sua vez, será a principal responsável pelo crescimento da demanda por óleo de soja (27%). Milho e algodão também serão demandados em maior quantidade.
Diante disso, os contextos mundial e nacional sinalizam positivamente para as projeções de continuidade do crescimento da produção agrícola do Brasil. Assim sendo, em 2027, espera-se que o Brasil produza acima de 290 milhões de toneladas de grãos e mais de 34 milhões de toneladas de carnes bovina, suína e de frango.
Por que a agricultura é importante?
Sem dúvidas a agricultura é uma das atividades mais importantes para o homem, visto que ela é essencial para a subsistência das pessoas.
Em síntese, é a partir da agricultura que se produz alimentos e produtos primários utilizados pelas indústrias, comércio e pelo setor de serviços. Sendo assim, ela é a base para a manutenção da economia mundial.
Além disso, gera empregos para a população, é atuante na exportação de produtos e no Brasil, em especial, é considerada uma das mais importantes bases econômicas.
Bom, é isso! Como você viu, além de ser essencial para a vida de todos nós, a agricultura é um setor fundamental para a economia do Brasil, tanto que tem perspectivas positivas para o futuro.
Então, se você gostou e quer continuar informado sobre o assunto, leia também nosso artigo sobre agronegócio e agricultura de precisão.
Até a próxima!