Controle de pragas agrícolas: tudo o que você precisa saber e como se prevenir
As lavouras representam um grande atrativo para as pragas que, na maioria das vezes, se espalham rapidamente causando danos para as culturas. Como solução, temos o controle de pragas agrícolas que pode ser aplicado por meio de diversas técnicas.
Neste artigo, você vai ter a oportunidade de conhecer os principais tipos de pragas e as melhores formas de prevenir seus ataques.
Então, se você ficou interessado, me acompanhe até o final.
Para começar, entenda…
O que é praga na agricultura?
As pragas consistem em uma população de organismos capazes de causar danos às plantas, seus produtos e subprodutos. No geral, os danos podem afetar o rendimento ou a qualidade do produto a ser consumido.
Quais são as principais pragas que atacam as plantações?
Conforme dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Embrapa, as principais pragas que atingem a lavoura são:
Helicoverpa armigera
Identificada recentemente, a Lagarta Armigera tem chamado a atenção de agricultores e pesquisadores.
Em síntese, ela tem um grande potencial de causar danos às lavouras de algodão, milho e soja. Dessa forma, seu ataque começa na parte aérea como folhas, frutos, vagem e outros pontos de crescimento.
Ademais, as larvas da lagarta atacam flores, sementes e ramos.
Broca-do-café (Hypothenemus hampei)
A broca-do-café age perfurando os grãos, o que causa a destruição parcial ou total na parte interna. Além disso, ele ataca o fruto em diversos estágios: maduro, verde, passas ou secos ainda úmidos.
Na prática, ela se alimenta do caroço e deposita seus ovos, de onde saem as larvas. No entanto, após penetrar as brocas do grão, infelizmente, não há como realizar o controle.
De acordo com a Embraba, o prejuízo econômico pode chegar a 21% (12,6 kg a cada 60kg). Logo, o café perde em qualidade, bem como, reduz o seu valor comercial.
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Mofo Branco (Sclerotinia sclerotiorum)
Conhecido como Podridão Branca, o Mofo Branco é uma doença causada por um fungo que ataca diferentes lavouras como a soja e o feijão. Sendo assim, o agente da praga se concentra geralmente nas sementes (principal meio de propagação) e provoca grandes prejuízos para a produtividade.
Vale destacar que mesmo quando não há hospedeiro em potencial no talhão, a praga pode se instalar no solo por longos períodos, devido a sua estrutura resistente. Nesse caso, sua sobrevida pode durar até dez anos.
Em geral, a ação do fungo causador do Mofo Branco é caracterizada por lesões em tecidos na parte superior da planta, onde surgem substâncias brancas semelhantes ao algodão (micélio).
Sendo assim, após alguns dias, essa eflorescência escurece e vira uma estrutura rígida, chamada escleródio.
Então, na época da colheita, esse escleródio cai no solo, tornando-se um vetor de infestação para a próxima cultura. Por fim, é essa estrutura que pode resistir por anos até encontrar um novo hospedeiro.
Cochonilhas (Dactylopius coccus)
As Cochonilhas são pragas caracterizadas como pequenos amontoados brancos, semelhantes ao algodão. Em resumo, eles atacam hortas e podem se depositar em folhas, brotos, caules ou ramos.
Todavia, quando se sentem ameaçadas, geralmente, expelem uma substância de cor carmim (ácido carmínico),aproveitado pela indústria alimentar como corante.
Mosca-das-frutas (e do caribe)
Podemos citar três tipos de moscas responsáveis por perdas na produção de citros:
- Mosca do Mediterrâneo (Ceratitis capitata);
- Mosca sul-americana (Anastrepha fraterculus);
- Mosca-da-mandioca (Neosilba spp.),da família Lonchaeidae.
Sendo, as duas primeiras, nativas do Brasil e da família Tephritidae.
Segundo pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, pode-se calcular uma perda de 30% a 50% da produção de pomares citros infestados.
Em síntese, os machos se aglomeram nas folhas, e as fêmeas depositam seus ovos no fruto. Logo, quando as larvas se desenvolvem, saem do fruto e vão para o solo. Esse período pupal pode durar de 13 a 17 dias.
Ácaros
Em suma, os ácaros são pequenos aracnídeos responsáveis por doenças em diferentes lavouras. Sendo assim, eles se desenvolvem na parte inferior das folhas, causando amarelecimento e rugas no tecido e morte dos brotos.
Nesse sentido, existem diversas espécies de ácaros-praga que atacam diferentes lavouras. O Brevipalpus chilensis, por exemplo, atinge principalmente pomares de kiwi e uva. Já na soja, há seis espécies associadas, como o ácaro-verde e o ácaro-rajado.
Ferrugem da soja (Phakopsora pachyrhizie)
Ferrugem de soja é um fungo que se espalha no ar, que mais preocupa os sojicultores, pelo alto potencial de destruição que ele possui.
Essa praga é responsável pela desfolha precoce da planta. Logo, é capaz de impedir a formação completa dos grãos e reduzir consideravelmente a produtividade da safra.
Dessa forma, os sintomas são percebidos por meio de pequenos pontos escuros na superfície foliar superior. Já na parte inferior da folha, formam-se pequenas verrugas (urédias),onde o fungo desenvolve seus esporos (uredósporos).
Mosca branca (Bemisia tabaci)
A mosca branca é um transmissor de vírus que ataca diversas culturas e não é fácil de ser controlada.
No feijoeiro, ela transmite viroses chamadas de mosaico dourado e mosaico anão, que trazem grandes danos à planta, especialmente no período de florescimento.
Assim, devido ao seu alto nível de destruição, ela é considerada como um grande risco econômico ao agronegócio.
Na prática, os produtos que estão disponíveis no mercado têm um alto potencial de desenvolver resistência genética no inseto, de modo que é importante alternar os mecanismos de ação.
Bicudo do algodoeiro (Antonomus grandis)
Bicudo do algodoeiro é considerado a principal praga do algodão no Brasil. Em geral, o ataque ao algodoeiro começa pelos botões florais seguido pela perfuração das maçãs do algodão para alimentar-se e colocar seus ovos. Nesse intervalo de tempo, o interior das sementes e fibras ficam destruídas pelas larvas.
De acordo com dados da Embrapa, ele causa danos que podem comprometer até 80% da safra, especialmente devido à sua alta capacidade de reprodução e poder destrutivo.
Quais são as principais técnicas para o controle de pragas na agricultura?
A princípio a técnica mais comum de combate as pragas agrícolas é o controle químico, isto é, o uso de agrodefensivos. No entanto, alguns métodos têm sido desenvolvidos e aplicados para complementar e reduzir o uso de defensivos agrícolas na lavoura. Confira!
Novas tecnologias de aplicação
As tecnologias têm se apresentado com objetivo inicial de aprimorar e tornar mais eficiente a aplicação de defensivos, reduzindo ao máximo as perdas e dosando na medida certa a quantidade de produto utilizado.
Por exemplo, Sistemas de Telemetria são capazes de calcular a dose e o volume de produtos aplicados com base em dados retirados do clima — como níveis de temperatura e umidade —, do maquinário e das condições do solo.
Além disso, realizam diagnóstico completo da lavoura para ajudar a otimizar as operações e torná-las mais eficazes.
Em virtude disso, a telemetria contribui não só para o aumento da produtividade como para redução de custos entre de 3% a 15%!
No geral, esses recursos fazem parte da agricultura de precisão — um conjunto de tecnologias e técnicas utilizadas para registrar e analisar dados de modo sistemático sobre os diversos fatores que podem influenciar a produção.
Com base nos resultados, é possível realizar a elaboração de estratégias e ações para a eliminar desperdícios e aumentar a produtividade por hectare.
MIP — Manejo Integrado de Pragas
O Manejo Integrado de Pragas consiste em um conjunto de técnicas alternativas recomendadas pela comunidade científica para reduzir as pragas a níveis inofensivos nas lavouras.
Dessa forma, as técnicas utilizadas no MIP contribuem para uma grande economia na compra de agroquímicos, uma vez que, por meio delas é possível reduzir a quantidade de aplicações através da análise de dados e monitoramento constante da plantação.
Outro grande benefício é o tempo de exposição dos operadores aos produtos. No caso, ele é reduzido, o que contribui para preservar sua saúde e integridade. Além disso, fornece proteção aos recursos naturais, como solo e rios, já que as chances de contaminação ficam reduzidas.
Rotação de culturas
À medida que a mesma cultura é produzida continuamente no mesmo local (monocultura),é normal surgir o aumento da ocorrência de pragas e doenças. Nesse contexto, a rotação de culturas previne a fixação e multiplicação de uma doença.
Assim, por meio dessa técnica agrícola, o agricultor consegue planejar a alternância dos tipos de vegetais cultivados no terreno.
Dessa forma, além de controlar as pragas agrícolas, a prática contribui para a preservação de boas condições físicas e bioquímicas do solo, reposição de matéria orgânica e simplificação do processo de adubação.
Feromônios para atração (e eliminação) de pragas
De modo geral, essa técnica consiste em utilizar feromônios para controlar pragas de insetos nas lavouras. Para isso, esse agente natural opera se comunicando com outros insetos da mesma espécie. Assim, eles “transmitem” avisos diversos, como presença de predadores, demarcação de território, reprodução, etc.
Por exemplo, para controlar as pragas de percevejos nas plantações de soja e arroz, a Embrapa realizou pesquisas com o macho da espécie, retirando o feromônio natural exalado pelo inseto e fabricando em laboratório. Em seguida, foram espalhados dispositivos que liberam o feromônio em armadilhas, atraindo e capturando as fêmeas.
Controle químico, biológico e cultural. Qual é a diferença entre eles?
O controle de pragas pode ser feito de forma química, biológica e cultural. Conheça as diferenças!
Controle Químico
No controle de pragas químico são utilizados diferentes produtos químicos a fim de matar as pragas com mais facilidade.
Conhecidos como pesticidas, esses produtos são capazes de eliminar completamente as pragas. Em síntese, eles podem ser classificados como inseticidas, fungicidas, bactericidas, herbicidas e etc, para controlar o manejo de pragas e doenças.
No entanto, apesar de sua ação rápida e eficácia, o uso de produtos químicos vem sendo reduzido. Isso porque, na maioria das vezes, podem ocasionar o desenvolvimento de populações resistentes do inseto, o aparecimento de novas pragas ou a ressurgência de outras, ocorrência de desequilíbrio biológico, efeitos prejudiciais ao homem e outros animais, além do seu alto custo.
Diante disso, recomenda-se o manejo de pragas por meio do controle químico apenas quando a praga atingir níveis populacionais críticos ou atingir dano que justifique o custo do tratamento e os riscos ao homem e ao ambiente.
Controle Biológico
Controle de pragas biológico é um método que utiliza um organismo vivo para matar e controlar pragas, como ácaros, insetos, etc. Logo, é um recurso natural, que não prejudica ou representa qualquer ameaça para o meio ambiente e para as pessoas.
Os métodos de controle biológico baseiam-se principalmente em relações naturais, como parasitismo, predação, herbivoria, etc. Além disso, as pragas não desenvolvem resistência contra o método de controle biológico.
Em síntese, existem três métodos de controle biológico: controle biológico clássico, controle biológico de conservação e controle biológico de aumento.
Embora seja seguro, ele introduz outro organismo ao ambiente natural, o que pode causar novos problemas. E mais, por ser um método lento, auxilia na redução dos níveis de pragas, mas não elimina completamente como o controle químico.
Contudo, o ideal seria a combinação do controle biológico com inseticidas seletivos sem causar danos ao meio ambiente e a saúde humana.
Controle Cultural
O controle de pragas cultural consiste na utilização de medidas capazes de afetar a disponibilidade de alimento ao inseto, reduzindo assim, a incidência da praga.
Essas medidas podem ser caracterizadas como técnicas de preparo do solo, rotação de culturas, aração e gradagem, época de semeadura, manejo de plantas daninhas, adubação verde, uso de cultivares resistentes, destruição de restos culturais, etc.
Por que o controle de pragas é importante?
As pragas agrícolas são responsáveis por boa parte das perdas de produtividade das lavouras. Isso significa que elas são sinônimo de desperdício de dinheiro, insumos e mão de obra.
Logo, quando se multiplicam podem gerar transtornos no desenvolvimento das culturas, bem como, provocar prejuízos financeiros para o produtor rural.
Nesse sentido, o controle de pragas é importante porque é capaz de combater as infestações, minimizar os danos ocorridos nas plantações, perdas na produtividade e evitar prejuízos financeiros.
E aí, gostou de aprender sobre o controle de pragas agrícolas? Aproveite e leia nosso artigo sobreAgrodefensivos.
Até a próxima!