Plantação de arroz: saiba como aumentar a lucratividade da sua lavoura
Presente nas refeições diárias do brasileiro, o arroz tem grande importância no mercado nacional, devido a alta demanda interna do produto.
Para agricultores que desejam investir no cultivo de grãos, ele pode representar um negócio rentável e lucrativo.
Pensando nisso, preparamos um artigo para tirar todas as suas dúvidas em relação às práticas de cultivo desse cereal.
Confira a seguir!
Como funciona o ciclo de desenvolvimento do arroz?
Em síntese, o ciclo de desenvolvimento do arroz pode ser dividido em três fases principais: plântula, vegetativa e reprodutiva. Sendo que a duração de cada fase é influenciada pela função da cultivar, época de semeadura, região de cultivo e condições de fertilidade do solo.
Na prática, a duração do ciclo varia entre 100 e 140 dias para a maioria das cultivares plantadas em sistema inundado, onde a maior parte da variação ocorre na fase vegetativa. Em contrapartida, cultivares de arroz de sequeiro tem duração de ciclo entre 110 e 155 dias.
Plântula
Para germinar a semente de arroz é necessário a absorção de água. Assim, as sementes que se encontram em germinação, tanto o coleóptilo quanto a radícula podem emergir primeiro.
No entanto, em condições de ambiente seco, a radícula pode emergir primeiro e em condições de semeadura em água, o coleóptilo pode emergir primeiro.
Assim, nos sistemas de semeadura em solo seco, o número de dias da semeadura à emergência pode variar de acordo com a temperatura e umidade. Por outro lado, na semeadura em solo inundado (sistema pré-germinado),a duração varia conforme a temperatura do solo, do ar, da água e do grau de desenvolvimento da plântula por ocasião da semeadura.
Além disso, a emergência da plântula de arroz ocorre devido ao alongamento da estrutura denominada mesocótilo. Desse modo, a capacidade de desenvolvimento do mesocótilo depende da temperatura do solo, se a água não for limitante. Por essa razão, em solos frios, a profundidade de semeadura deve ser menor que a realizada em solos com temperatura mais alta.
Contudo, logo após a emergência, a plântula de arroz mantém-se através do uso das reservas presentes no grão, por 10 a 14 dias.
Vegetativo
Depois do estabelecimento inicial, a planta começa a desenvolver a sua estrutura foliar, formando uma folha em cada nó, de forma alternada no colmo.
Nas primeiras quatro a cinco semanas de desenvolvimento, todas as folhas já estão formadas. Nesse processo, o número total de folhas por planta pode variar com a cultivar e época de semeadura.
Assim, quando a quarta folha do colmo principal está com o colar formado, a planta de arroz começa a emitir perfilhos, que surgem dos nós do colmo numa ordem alternada.
De modo geral, a capacidade de perfilhamento vai depender da cultivar, densidade de semeadura, temperatura do solo, disponibilidade de nitrogênio no solo e da altura da lâmina de água de irrigação. Assim, a duração do estádio de perfilhamento é de três a quatro semanas.
Reprodutivo
Em resumo, a partir da diferenciação do primórdio da panícula (DPP),os entrenós do colmo começam a se alongar rapidamente e a planta cresce a taxas muito elevadas. Este é um momento crítico no desenvolvimento da planta, pois está sendo formado o número de grãos por panícula.
Por isto é importante que, durante este período, a planta não sofra estresses, principalmente os causados por temperatura baixa (inferior a 17°C) e deficiência de nutrientes.
O subperíodo que antecede imediatamente à floração é denominado emborrachamento, o qual inicia entre 7 e 10 dias antes da floração com a divisão das células-mãe dos grãos de pólen. O momento em que ocorre essa divisão é o mais crítico em relação a temperaturas baixas.
Vale destacar que o arroz é uma planta autofecundada, com a polinização ocorrendo primeiro nas espiguetas da extremidade superior da panícula, seguindo para a base. Dessa maneira, por ocasião da floração, a planta de arroz atinge sua máxima estatura e área foliar.
Logo, com boas condições de luminosidade no período compreendido entre 20 dias antes a 20 dias após a floração aumenta a eficiência de uso do N e, consequentemente, contribuem para maior rendimento de grãos.
A duração do período de formação e enchimento de grãos oscila entre 30 a 40 dias. Essa diferença decorre, principalmente, da variação da temperatura do ar, havendo pouca influência do ciclo da cultivar.
Por fim, os grãos passam pelas etapas de grãos leitosos, grãos pastosos e grãos em massa, que dura até atingirem a maturação fisiológica. Considera-se que o grão atingiu a maturação fisiológica quando está com o máximo acúmulo de massa seca.
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Onde o arroz é cultivado no Brasil?
De modo geral, a região sul do Brasil é a que mais produz arroz no país bem como apresenta a melhor produtividade, destacando o Rio Grande do Sul como o maior produtor com 25,6% da área cultivada e 44,5% da produção.
Já em segundo lugar, entre os maiores produtores está o Mato Grosso, com 16,4% da área e 14,0% da produção.
Em resumo, no Brasil, o Rio Grande do Sul o maior estado produtor, seguido do Mato Grosso, Minas Gerais, Maranhão, Santa Catarina, Goiás, Tocantins, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Nesse cenário, o sistema de cultivo permanente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina é o de irrigação por inundação, enquanto nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Goiás, Minas Gerais e São Paulo utilizam o sistema sequeiro.
Como o arroz é cultivado no Brasil?
Na prática, o arroz é cultivado no Brasil com base em dois grandes sistemas: semeadura direta e transplante. As duas formas se diferenciam em aspectos como época de preparo do solo, os métodos de semeadura e o manejo inicial da água.
Assim, enquanto na semeadura direta, as sementes são distribuídas diretamente no solo, seja na forma de sementes secas ou pré-germinadas, a lanço ou em linhas, em solo seco ou inundado, no sistema de transplante, as plântulas produzem primeiramente em viveiros ou sementeiras, antes de serem levadas para o local definitivo.
Vale destacar que independente do método de preparo do solo usado, será necessário fazer o aplainamento da superfície do terreno, para corrigir as irregularidades do terreno. Isso vai permitir a uniformização da lâmina de água e o controle mais eficiente das plantas daninhas bem como o favorecimento do sistema de plantio com sementes pré-germinadas.
Semeadura direta
No sistema de semeadura direta, as sementes são distribuídas diretamente no solo, quer seja na forma de semente seca ou pré-germinada. Assim, o arroz cultivado por essa técnica pode atingir a maturação em sete a dez dias antes daquele que produzido pelo sistema transplantado.
Essa redução de ciclo pode ser importante para áreas onde se utilizam cultivos sucessivos e/ou apresentam limitações climáticas, como ocorrência de baixas temperaturas. Diante disso, a semeadura direta é o sistema mais adequado de plantio de arroz irrigado nas várzeas tropicais, como no estado do Tocantins.
Sistema de transplante
O sistema de transplante é utilizado no Brasil em pequenas lavouras, especialmente na Região Nordeste. Nas demais, seu uso está restrito aos campos de produção de sementes, principalmente nas lavouras onde não há mais disponibilidade de novas áreas e aquelas já cultivadas que se encontram infestadas de arroz vermelho e plantas voluntárias.
Esse sistema é composto por fases de produção de mudas e de transplantio propriamente dito e constitui-se no método mais eficiente de controle do arroz vermelho.
Podemos dizer que é um sistema de semeadura indireta, no qual o arroz é semeado inicialmente em sementeira ou viveiro, em solo bem preparado, e assim que as mudas atingem tamanho adequado para o transplantio, são levadas para o campo definitivo.
Além disso, esse tipo de plantio é recomendado para a produção de sementes de alta qualidade. Assim, para conseguir alta pureza varietal, a técnica de eliminação de plantas contaminantes, atípicas, do campo de produção, também denominada de purificação ou “roguing”, é prática fundamental e torna-se facilitada quando se emprega o sistema de transplantio.
Para o transplantio mecânico, as mudas são produzidas em caixas apropriadas de madeira ou plásticas, com fundo perfurado, com 5 cm de altura, e o comprimento e a largura, de acordo com a transplantadora a ser usada.
Já para o transplantio manual em um hectare é necessário o equivalente ao trabalho diário de 30 a 40 homens. No método manual, as mudas devem ser transplantadas em áreas previamente drenadas, ao atingirem 20 a 30 dias, o que corresponde a uma altura ao redor de 25 cm.
Como é feita a plantação de arroz?
Antes de iniciar a plantação de arroz é importante levar alguns aspectos importantes em consideração. Confira a seguir!
Escolha o local ideal para o plantio
Primeiramente, o arroz é um grão que precisa de água em abundância para se desenvolver. Sendo assim, o ideal seria plantá-lo próximo a rios, lagos ou locais que chova com frequência.
Além disso, é importante usar solos planos, ricos em nutrientes para garantir resultados satisfatórios.
Apesar do arroz se desenvolver em terrenos acidentados em países asiáticos, o indicado é evitar esse tipo de local, uma vez, que eles podem dificultar a colheita.
Ademais, considere utilizar um lugar de luz solar plena, pois o arroz necessita de luz e temperaturas na faixa dos 21 ºC.
Selecione as sementes
Nesse momento, você vai decidir quais variedades do cereal serão usadas na sua plantação. É possível optar por apenas uma espécie ou utilizar várias espécies.
Ao escolher, é importante levar em consideração as propriedades do solo e as condições climáticas da região.
Com isso, os tipos de arroz que possuem ciclo mais curtos podem ser plantados em meados de dezembro, a fim de aproveitar a chuvas de verão de secagem antecipada.
Confira os tipos de arroz:
Grão longo: dá origem a grãos leves e macios e tendem ser mais seco que as demais variedades.
Grão médio: úmido, tenro, grudento e fica cremoso depois de cremoso. Apresenta a mesma textura que o arroz de grão longo.
Grão curto: torna-se macio e grudento após cozido. É um pouco mais doce e mais indicado para o preparo de sushi.
Glutinoso: conhecido como arroz pegajoso, por conta a sua textura depois de cozido. É utilizado em alimentos congelados.
Aromático: possui mais sabor e fragrância que as outras variedades. Essa categoria engloba o arroz Basmati, jasmim, vermelho e o preto.
Arbóreo: é utilizado principalmente em risotos e pratos de origem italiana. Além disso, depois de cozido, ganha cremosidade e um núcleo consistente.
Desinfecção das sementes
Assim como qualquer outro tipo de cultura, o arroz está sujeito ao surgimento depragas, que podem gerar grandes prejuízos.
Então, para evitar a proliferação de pragas de maneira antecipada, basta fazer a desinfecção das sementes a partir do uso de fungicidas.
Essa prática vai garantir o desenvolvimento saudável da cultura, desde o momento da semeação até 30 dias após o início do seu crescimento.
Semeadura
Primeiramente, faça a mondadura, a aragem e o nivelamento dos canteiros. Considere distribuir as sementes em áreas menores para facilitar a administrar a produção.
Desse modo, enfileire as sementes em intervalos de no máximo 10 cm, com um espaço de 23-30 cm entre cada fileira.
Logo após, incorpore o composto ou cobertura vegetal ao solo, cobrindo ligeiramente os grãos de arroz. Isso ajudará na fixação das sementes e na retenção de umidade.
Irrigação
Para um desenvolvimento saudável, a plantação de arroz precisa de grande quantidade de água, o que nem sempre é suprido pelos rios ou chuvas.
Então, para garantir o acesso à água, na quantidade adequada, uma boa alternativa é uso da irrigação, uma técnica muito utilizada pelos agricultores.
Com a utilização da irrigação, a cultura tende a produzir mais, visto que, se encontra em condições estáveis.
Nesse processo, é importante não deixar a terra encharcada. Sendo assim, é importante montar um sistema que possa ser acionado de modo manual ou automático por um tempo preestabelecido, que deve variar conforme o tipo de arroz plantado.
Rotação de culturas
A cultura de arroz costuma retirar muitos nutrientes do solo durante o cultivo. Por isso, não é recomendado utilizar o mesmo terreno para plantar o cereal de forma consecutiva.
Isso porque pode ocorrer a diminuição da produtividade bem como apresentar baixa qualidade. Portanto, o indicado é aguardar o intervalo de no mínimo 1 ano.
Além disso, após a colheita, recomenda-se limpar os restos da cultura, visto que, eles demoram para se decompor e podem dificultar a germinação das próximas sementes.
Enfim, conseguiu tirar as suas dúvidas? Quer continuar aprendendo sobre cultivo de grãos? Leia também no artigo sobreplantação de feijão.