Agricultura irrigada: o que é e como colocar em prática

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Agricultura irrigada: o que é e como colocar em prática

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No Brasil, a agricultura irrigada vem apresentando um crescimento significativo a cada ano. Só em 2020 houve um aumento de 18,96%, número que equivale a uma área incremental de 249.225 mil hectares.

Presente em todas as regiões do país, essa prática agrícola pode ser encontrada especialmente onde há escassez de água, como é o caso da região do semiárido, ou onde ocorrem períodos prolongados de seca, como na região central.

Preparamos este artigo para explicar como a agricultura irrigada funciona e apresentar os principais métodos de irrigação presentes no mercado.

Acompanhe a seguir!

O que é agricultura irrigada?

A agricultura irrigada consiste basicamente em um conjunto de ações, técnicas, estruturas e maquinários que possibilitam a irrigação em média ou larga escala de culturas e plantações.

Em síntese, ela fornece água às plantas de maneira não natural, ou seja, por meio da ação humana, garantindo a produtividade das lavouras mesmo em regiões onde há escassez de água.

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Sendo assim, ela é responsável pela expansão da agricultura e desenvolvimento dos setores agropecuário e econômico. Isso porque viabiliza a plantação em diversos tipos de terrenos bem como o cultivo de culturas em diferentes épocas do ano.

Qual é o objetivo da irrigação na agricultura?

De modo geral, a irrigação na agricultura tem como principal objetivo proporcionar meios viáveis para resolver a falta de recursos hídricos disponíveis.

Isso significa que quando há casos de escassez de água em regiões específicas, a irrigação tem a função de fornecer água suficiente para garantir a produtividade das culturas.

Em resumo, a partir do uso da irrigação é possível impedir perdas de produção por escassez de chuvas, produzir em época de entressafra, além de obter ganhos em produtividade e qualidade do produto final.

Quais são os benefícios da agricultura irrigada?

Ao adotar a técnica de irrigação no sistema produtivo, oprodutor rural consegue aumentar os lucros, visto que os riscos de falta de água são bem menores.

Mas não para por aí, veja quais são os demais benefícios oferecidos pela agricultura irrigada:

  • Aumento da produtividade;
  • Produtos com alta qualidade;
  • Produto na entressafra (mais de uma safra por ano);
  • Mais rentabilidade;
  • Redução de riscos de perda da produção em função das estiagens.

Além disso, a incorporação de novas áreas ao sistema produtivo também se constitui como benefício do uso da irrigação. Isso porque, o uso da técnica possibilita a implantação de lavouras em regiões mais secas, castigadas pela falta de chuva e baixa produtividade.

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Quais são os principais métodos de irrigação?

No Brasil, a irrigação é predominante nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Confira a seguir os principais métodos e sistemas utilizados pelos produtores rurais:

1. Irrigação por superfície

Método de irrigação por superfície - Agricultura irrigada
Fonte: Boas Práticas Agronômicas

Muito utilizada na cultura de cereais, esse método possui canais de irrigação onde a água circula por gravidade com a parte central mais elevada para as plantas. Assim, a água que desce pela parte superior de um canal mestre abastece todos os outros.

As principais vantagens dos sistemas por superfície são:

  • Menor custo;
  • Equipamentos simples;
  • Baixo consumo de energia;
  • Não sofre efeito do vento;
  • É possível realizá-la com águas e com sólidos em suspensão;
  • Fácil adaptação para variados solos e culturas;

Em síntese, aplica-se a irrigação por superfície de duas formas:

Sistema em nível: neste formato a área irrigada é plana, com menos de 0,1% de declive, com variações entre os modelos: tabuleiro, faixa em contorno e sulcos em contorno.

Sistema em declive: neste tipo de irrigação, a área onde o sistema é implantado encontra-se em declive (de 0,1% até 15%) e possui as seguintes variações: faixas em declive, canais em contorno, sulcos em declive, corrugação e sulcos em contorno.

2. Irrigação por aspersão

Método irrigação por aspersão - Agricultura irrigada
Fonte: Agropos

Considerado o principal método de irrigação, neste sistema a água é aspergida pelo ar imitando uma chuva bem fina. Assim, com a disposição de um ou mais jatos de água, as gotas pequenas de águas imitam o efeito de uma chuva artificial.

Além da facilidade, esse método adapta-se a diferentes tipos de culturas e topografias. Em função da sua versatilidade, atualmente é um dos métodos mais utilizados no mundo.

Em geral, as principais vantagens dos sistemas de irrigação por aspersão são:

  • Facilidade de adaptação às diversas condições de solo e topografia;
  • Eficiência na distribuição de água, quando comparado com o método de superfície;
  • Método totalmente automatizado;
  • É possível realizar seu deslocamento para outras áreas;
  • As tubulações podem ser desmontadas e removidas da área, facilitando o tráfego de máquinas;
  • Boa uniformidade na distribuição da água;
  • Menores perdas por evaporação e infiltração;
  • Projetos bem conduzidos diminuem o risco de erosão causado pelo excesso de água.

Esse método é constituído por três tipos de sistemas: aspersão convencional, autopropelido e pivô central.

Sistema por aspersão convencional

A princípio, o sistema por aspersão convencional podem ser fixos, semifixos ou portáteis. Sendo que nos sistemas fixos, as tubulações são enterradas, nos semifixos, a linhas principais são fixas e as linhas laterais se movimentam ao longo das linhas principais.

Esse tipo de irrigação permite a substituição de aspersores por mini-canhões. Como resultado, há a possibilidade de alcançar áreas maiores, principalmente em culturas que protegem mais o solo e as que permitem a desuniformidade da irrigação.

Irrigação autopropelidos

O sistema de irrigação autopropelidos é composto por um aspersor de médio ou grande alcance, conhecido como canhão ou mini-canhão hidráulico. Assim, o equipamento se desloca longitudinalmente ao longo da área que deve ser irrigada.

Em resumo, é um tipo de irrigação por aspersão movimentado por energia hidráulica gerada a partir da água bombeada. Dessa forma, indica-se sua aplicação para culturas que apresentam topografia plana ou inclinada.

Contudo, esse método consegue se adaptar com facilidade a diferentes culturas como pastagens, frutíferas e plantio de cana-de-açúcar. No entanto, é um sistema que demanda muita atenção e planejamento para que possa garantir uma distribuição uniforme da água.

Sistema pivô central

Por ser capaz de cobrir áreas extensas, de até 117 hectares, o sistema pivô central vem sendo utilizado em grandes lavouras.

Na prática, ele funciona como se fosse uma grande dobradiça de três partes, conectadas entre si por juntas flexíveis.

Assim, cada parte é sustentada por torres em formato de “A”, que possuem rodas na base e se movimentam de forma independente, sem precisar uma das outras.

Ademais, o gasto médio do sistema de pivô central é de 300 mil litros de água por hora. Sendo que, o Brasil possui cerca de 20 mil pivôs centrais que irrigam uma área de 1.275 milhão de hectares. De acordo com levantamento da Embrapa e da Agência Nacional de Águas (ANA),entre 2006 e 2014 o uso de pivôs centrais no Brasil cresceu 43%.

3. Irrigação localizada

A irrigação localizada funciona assim: a água é aplicada com emissores em partes da área ocupada pelas raízes das plantas, formando uma faixa úmida. Na prática, esses emissores podem ser pontuais (gotejadores),lineares (tubo poroso ou “tripa”) ou superficiais (microaspersores).

Nesse sentido, a água é distribuída no solo, que conforme suas características, determinará quais emissores serão necessários para a aplicação uniforme de cada planta.

Contudo, recomenda-se a irrigação localizada para solos densos, com baixa capacidade de infiltração. Afinal, é possível aplicar a água em fluxo baixo para que o solo a absorva, reduzindo ou eliminando o escorrimento superficial.

Os principais sistemas de irrigação localizada são: gotejamento e microaspersão.

Irrigação por microaspersão

Na prática a microaspersão consiste em um sistema de irrigação localizada que utiliza microaspersores autocompensados e filtros de disco ou tela. Com isso, a precipitação de chuvas fica mais suave e uniforme do que a aspersão.

Por favorecer a economia com a mão de obra e proporcionar mais facilidade na aplicação de fertilizantes, muitos produtores acabam optando pela utilização desse tipo de sistema.

Irrigação por gotejamento

Método irrigação por gotejamento - agricultura de irrigação
Fonte:Agropos

Como o próprio nome diz, nessa modalidade de irrigação, a água é transportada até a planta caindo gota a gota por cima do solo. O intuito é fornecer o insumo de forma gradual a fim de manter a umidade do solo mais próxima possível das necessidades reais da planta.

Logo, o resultado é a melhora no desenvolvimento das raízes, bem como de todas as plantas que recebem a mesma quantidade de água e fertilizantes.

Vale destacar que nesse sistema é possível preservar a superfície da planta sem molhar, enquanto o solo é umedecido na proporção correta. Assim, é possível reduzir as perdas por evaporação.

Além disso, nesse método, o adubo pode ser fornecido junto com a água de irrigação (fertirrigação),favorecendo aumentos de produtividade.

Algumas vantagens do sistema de gotejamento são:

  • Baixo custo de mão de obra por ter sistema automatizado;
  • Baixo custo de energia, visto que utiliza bombas de baixa vazão que consomem até 50% menos energia que os outros sistemas;
  • Redução de perdas por evaporação, pois aplica-se a diretamente na raiz;
  • Facilidade e eficiência na aplicação de fertilizantes e defensivos;
  • Permite aplicação em diferentes tipos de solo;
  • Manutenção do solo uniformemente úmido e com oxigênio;
  • Menor incidência de doenças fúngicas já que as folhas não são molhadas;
  • Declividade do terreno não limita a irrigação.

4. Subirrigação

Por fim, no método de subirrigação ou superficial, a água é aplicada abaixo da superfície do solo, ou seja, diretamente nas raízes das plantas.

Isso significa que o lençol freático fica a uma profundidade que permite um fluxo de água adequado para a raiz da cultura. Além disso, esse sistema pode ser associado a um sistema de drenagem.

Em meio as suas vantagens, podemos citar:

  • Baixo custo de implantação, energia e manutenção;
  • A irrigação não é limitada por conta do vento;
  • Favorece o aumento da fotossíntese nas folhas mais baixas, devido ao reflexo da luz na água.

Como escolher o método de irrigação?

Para obter sucesso na agricultura irrigada é necessário escolher o método adequado para a propriedade considerando diversos fatores.

Assim, além de conhecer como cada sistema funciona, a escolha deve baseada nos seguintes pontos:

Cultura: sistema radicular; os coeficientes da cultura em relação à evapotranspiração de referência.

Solo: características hídricas, como infiltração, curva característica de água, massa específica.

Local ou campo a ser usado: topografia do terreno, meios de comunicação, energia elétrica.

Clima: chuvas, evapotranspiração, ventos, temperatura e umidade relativa do ar.

Parte econômico-financeira: capacidade de pagamento de água, cultura mais viável.

Fator humano: tendências naturais, educação, instrução, etc.

Tendências e tecnologias na irrigação

Considerando o desenvolvimento da agricultura irrigada, temos recursos tecnológicos que facilitam as atividades agrícolas, como é o caso da irrigação de precisão.

Essa tecnologia consiste em um conjunto de práticas e ideias que visam a gestão sustentável da água nas propriedades.

No cenário agrícola, a aplicação da irrigação de precisão tem o intuito de saber quando, quanto, onde e como irrigar, considerando as variações possíveis e presentes no campo.

Isso significa que, mesmo dentro de uma mesma área a ser irrigada, todas as variações são analisadas a fim de obter melhor aproveitamento dos recursos, isto é, considerando, inclusive, a lâmina de água necessária em cada situação.

Em geral, esses sistemas permitem ao produtor uma melhor gestão dos seus recursos, evitando o máximo possível de desperdícios e melhor aproveitamento na cultura.

No entanto, as práticas de irrigação de precisão requerem um sistema automatizado. Isso porque, para garantir que os parâmetros sejam seguidos corretamente é necessário aliar tecnologia e análise de dados do terreno, o que ainda não é viável para muitos produtores.

Política Nacional de Irrigação

Por fim, é importante ressaltar que para realizar a implantação de um sistema de irrigação é preciso de uma concessão pública emitida pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

O Brasil tem uma legislação específica para irrigação. Trata-se daLei 12.787/2013, que instituiu a Política Nacional de Irrigação.

Além disso, foi instituído o Sistema Nacional de Informações sobre Irrigação, que tem como objetivo a coleta, processamento, armazenamento e recuperação de informações referentes à agricultura irrigada.

Em resumo, a Política Nacional de Irrigação tem como objetivos:

  • Incentivar a ampliação da área irrigada e o aumento da produtividade em bases ambientalmente sustentáveis;
  • Reduzir os riscos climáticos inerentes à atividade agropecuária, principalmente nas regiões sujeitas a baixa ou irregular distribuição de chuvas;
  • Promover o desenvolvimento local e regional, com prioridade para as regiões com baixos indicadores sociais e econômicos;
  • Aumentar a competitividade do agronegócio brasileiro e para a geração de emprego e renda;
  • Contribuir para o abastecimento do mercado interno de alimentos, de fibras e de energia renovável, bem como para a geração de excedentes agrícolas para exportação;
  • Capacitar recursos humanos e fomentar a geração e transferência de tecnologias relacionadas à irrigação;
  • Incentivar projetos privados de irrigação, conforme definição em regulamento.

Desafios da agricultura irrigada

O Brasil, encontra-se, atualmente, entre os dez países do mundo com as maiores áreas equipadas para irrigação, totalizando quase sete milhões de hectares.

Sendo que desse total, cerca 50% destina-se ao cultivo de arroz irrigado e cana-de-açúcar.

Diante disso, podemos afirmar que as projeções para futuro da agricultura irrigada no nosso país são positivas. Afinal, estima-se um crescimento de 47% até 2030, resultando em 10 milhões de hectares.

Contudo, é importante lembrar que esse crescimento consequentemente impactará no aumento da demanda de água. Portanto, é fundamental investir em buscas contínuas por métodos eficientes de uso racional de água a fim de evitar desperdícios.

Qual a importância da agricultura irrigada no Brasil?

De forma resumida podemos afirmar que a agricultura irrigada é importante porque ela é capaz de aumentar a oferta de alimentos e garantir a segurança alimentar e nutricional da população mundial.

Afinal, sabemos que a baixa disponibilidade de água e irregularidade de chuvas são fatores que podem comprometer a produção das lavouras.

Dessa forma, o uso da agricultura irrigada surge como uma alternativa para assegurar a produtividade de alimentos e evitar perdas e prejuízos para o produtor rural.

Ademais, a irrigação também ajuda a promover o potencial de outros insumos empregados na atividade agrícola como fertilizantes, sementes melhoradas, defensivos, entre outros.

Conclusão

Como vimos, a agricultura de irrigação utiliza técnicas de irrigação para garantir o desenvolvimento adequado das lavouras. Assim, ao escolher os métodos corretos para a propriedade é possível elevar a produtividade, reduzir perdas e aumentar a rentabilidade.

Enfim, agora que você entendeu como a agricultura irrigada funciona, aproveite e leia nosso artigo sobre produção de grãos.

Até a próxima!


Publicado por:
Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atua como Analista de Conteúdo no MyFarm. 
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