Cultura perene e cultura de ciclo longo: boas práticas para manter a produtividade
O nome já diz, cultura perene ou cultura de ciclo longo se refere a plantações permanentes que duram vários anos. Em outras palavras, consistem em culturas que não morrem após a colheita, ou seja, não precisam ser replantadas.
No Brasil, as culturas que se enquadram nessa modalidade são: café, laranja, limão, maçã, manga, goiaba, mamão, banana, gramíneas forrageiras ou leguminosas, entre outras.
Para entender quais fatores influenciam no desenvolvimento dessas plantas e o que é preciso fazer para garantir a manutenção da produtividade, confira o conteúdo abaixo!
Para começar, entenda…
O que é cultura perene ou cultura de ciclo longo?
Na agricultura, o termo perene se refere a algo permanente que dura vários anos. Sendo assim, a cultura perene consiste em plantas que possuem o ciclo longo, isto é, que não precisam ser replantadas após o término de um ciclo produtivo.
Em síntese, a cultura perene e a cultura de ciclo longo possuem o mesmo significado, em razão do longo período de tempo transcorrido desde a plantação até a renovação da lavoura.
No Brasil, essas culturas são caracterizadas por frutos consumidos in natura ou destinados para indústrias onde servem de matéria-prima para fabricação de diversos alimentos e produtos. Alguns exemplos são: laranja, limão, café, banana, uva, maçã, pera, gramíneas forrageiras, manga, goiaba, mamão, leguminosas, entre outras.
Boas práticas e cuidados necessários para manter a produtividade das culturas perenes
Na prática, as culturas perenes e de ciclo longos não necessitam de replantio depois da colheita. Em função disso, elas demandam um investimento inicial com a preparação do solo, materiais para abertura de cova, mão de obra, mudas e insumos.
Logo após, para garantir o desenvolvimento de novos frutos e o crescimento saudável das plantas, é necessário realizar tratos culturais periódicos ou anuais.
Confira a seguir as principais práticas adotadas para manter a produtividade de uma cultura perene e de ciclo longo:
Correção do solo
De modo geral, a correção do solo é um fator fundamental para manter a produtividade das culturas. Essa correção está ligada aos níveis de acidez do solo. Nesse sentido, solos com baixos teores de magnésio e cálcio, proporção tóxica de alumínio e manganês podem afetar o desenvolvimento das plantas e consequentemente a produtividade.
Uma das técnicas utilizadas para corrigir essa acidez é a calagem, visto que, ela é capaz de:
- Corrigir a acidez do solo;
- Melhorar o ambiente radicular;
- Elevar a disponibilidade do fósforo;
- Reduzir a perda de bases por lixiviação;
- Fornecer magnésio e cálcio às plantas;
- Melhorar as propriedades biológicas e físicas do solo.
Vale destacar que deve-se realizar a calagem com base em análises de solo, executadas a partir de amostras coletadas, em geral, de camadas de 20 a 40 centímetros de profundidade para culturas de ciclo longo.
Assim, baseado nos resultados das análises, o técnico vai identificar o nível de acidez a fim de indicar a quantidade de produto necessária para fornecer cálcio e magnésio ou neutralizar a acidez do solo.
>>> DOWNLOAD GRATUITO: PLANILHA PARA GESTÃO DE INSUMOS AGRÍCOLAS <<<
Rotação de culturas
Na prática, a rotação de culturas consiste basicamente em alternar, de maneira ordenada, diferentes espécies vegetais em determinado espaço de tempo, na mesma área e na mesma estação do ano.
Ao escolher quais culturas devem estar inseridas nessa rotação é necessário considerar as espécies que tenham sistemas radiculares diferentes. Desse modo, é possível explorar várias camadas de solo, adicionando matéria orgânica em diversas profundidades.
Essa técnica favorece o aumento da produtividade agrícola ao mesmo tempo que ajuda a manter a fertilidade do solo. Além disso, impacta diretamente na conservação da superfície, que fica coberta contra impactos das gotas de chuva.
Irrigação
Outro fator primordial para o bom desenvolvimento da cultura perene é a irrigação, que precisa ser realizada de forma e na quantidade adequada para gerar resultados positivos na produção da lavoura.
Assim sendo, em situações onde o solo, variedade de plantas e manejo são semelhantes, a irrigação localizada é a opção mais indicada. Em alguns casos, esse método pode gerar uma produtividade até duas vezes maior do que a obtida com a irrigação por superfície.
Nesse caso, essa diferença está associada ao fato de que, em regra, na irrigação por superfície, há baixa frequência de reposição hídrica. Por isso, a prática pode provocar uma superdosagem de água no tempo de reposição e carência hídrica por acréscimo do turno de rega.
Vale lembrar que como as despesas com energia e água estão mais presentes na irrigação por superfície, normalmente, o agricultor opta por irrigar em abundância apenas uma vez por semana. Com isso, a planta tem alta oferta de água em um dia e muito pouco nos demais e consequentemente essa variação pode afetar a produtividade.
Quais são os benefícios do cultivo da cultura perene?
Primeiramente, culturas perenes possuem benefícios em relação à manutenção e cultivo. Isso acontece porque geralmente elas apresentam melhores resultados de produção visto que são mais resistentes e conseguem se desenvolver mesmo em ambientes pouco favoráveis.
Essa resistência está associada a forte estrutura das suas raízes, que são profundas e firmes, o que contribui para absorção de nutrientes em maior volume de solo.
Somado a isso, o cultivo de plantas perenes oferece benefícios relacionados aos tratos culturais e custos de produção. Veja!
Tratos culturais
Em geral, as plantas perenes possuem tratos culturais reduzidos em relação à utilização de fertilizantes, maquinário e pesticidas, visto que após ser instalada ela se torna capaz de produzir frutos e se manter viva e produtiva durante anos, variando de acordo com a cultura e espécie.
Ademais, seu sistema radicular profundo possibilita uma melhor absorção da água da chuva e oferece grandes benefícios à natureza por conseguir retirar quase 50% a mais de carbono da atmosfera do que as culturas anuais.
Custos de Produção
Na cultura perene, os custos de produção são avaliados e conduzidos de modo diferente das demais culturas, visto que é necessário considerar os custos de manutenção no decorrer dos anos e sua retribuição de acordo com o início da fase reprodutiva da plantação, que pode variar de três a dez anos, dependendo da cultura.
Nesse caso, o retorno sobre o capital investido normalmente inicia-se no decorrer dos dois ou três primeiros anos, variando conforme a variedade do cultivar escolhido. Sendo que, a cultura pode ser precoce, meia-estação e tardia.
Dessa forma, os benefícios econômicos serão aferidos durante as vendas, ao longo do tempo da atividade e do seu retorno.
Como planejar o plantio de uma cultura perene?
Para dar início ao planejamento e viabilidade da atividade de instalação de qualquer cultura perene é preciso considerar alguns fatores importantes como o uso de insumos, práticas agrícolas, investimentos, dentre outros.
Sendo assim, o produtor rural deve se atentar a responder diversas questões como:
- Qual é a minha estimativa de produção e necessidades físicas de insumos?
- Quais são os valores de receitas, despesas e investimentos?
- Qual deve ser a minha receita mensal ou anual para obter meu payback em três ou quatro anos, quando a minha cultura começar a produzir?
- Existe alguma prática para ajudar a antecipar a produção de frutos? Quais consequências isso traria para a vida útil do meu pomar?
Cultura perene: vantagens e desvantagens
Por fim, ao adotar o cultivo da cultura perene, o produtor rural pode encontrar vantagens e desvantagens. Confira quais são elas!
Vantagens
Melhora a fertilidade do solo: como a cultura perene permanece por um longo período recobrindo o solo, consequentemente, ela controla a erosão e ajuda a manter a fertilidade e a qualidade da estrutura física do solo. Como resultado, proporciona mais estabilidade para o terreno.
Reduz os custos: a cultura perene ajuda a conservar o solo, reduzindo assim a necessidade de mecanização e preparo do solo. Assim, é possível diminuir os custos de produção ao longo do tempo.
Diminui a velocidade de degradação do solo: diferente dos cultivos anuais, a cultura perene não realiza semeadura constante e não precisa revolver e preparar o solo com frequência. Assim, ela ajuda a manter a estrutura do solo saudável e estável, reduzindo assim, sua degradação.
Desvantagens
Alto custo inicial: comparada aos demais tipos de cultura, o plantio de cultura perene requer um investimento inicial mais alto. Isso inclui mão de obra especializada e técnicas de gestão apropriadas.
Análise de mercado constante: o cultivo de árvores para destinação florestal e não agrícola exige uma análise de mercado constante. Sendo assim, é necessário investir em profissionais especializados na área.
Manutenção contínua: com o problema de matocompetição o ano todo, há a competição por nutrientes nos períodos chuvosos. Já nos períodos de seca, há a competição por água. Por isso, a necessidade de estabelecer uma manutenção constante na área de plantio.
Gostou desse artigo? Então, aproveite nosso artigo sobre planejamento rural.