Êxodo rural: o que é e os impactos no agronegócio brasileiro
O êxodo rural corresponde ao processo de migração de uma população que mora no campo para a cidade. Sua ocorrência pode gerar uma série de problemas referentes a ordem estrutural e social dos centros urbanos como aumento do desemprego e expansão desmedida das periferias.
No Brasil, esse processo ocorreu de forma mais intensa entre os anos de 1960 e 1980. No entanto, nos últimos anos sofreu uma queda em função da chegada de novas tecnologias e oportunidades de profissionalização na área de agronegócio.
Neste artigo, vamos abordar as principais causas e consequências do êxodo rural e como está o cenário atual do Brasil.
Confira a seguir!
O que é o êxodo rural?
Em síntese, o êxodo rural pode ser definido como o deslocamento de uma população da zona rural em direção aos centros urbanos. Essa modalidade de migração geralmente acontece quando trabalhadores do campo estão em busca de melhorias de vida e se mudam com a finalidade de fixar residência na cidade.
Qual é a principal característica do êxodo rural?
Na prática, o êxodo rural consiste em uma emigração, visto que, representa um movimento de saída de pessoas de um local em direção a outro. No entanto, nesse caso, em específico, o ponto de partida é a zona rural e o ponto de chegada é a zona urbana, ou seja, a cidade.
Em geral, os motivos dessa migração podem ser variados. Portanto, vale destacar que o êxodo rural acontece em diversos países e a qualquer momento, independente da circunstância econômica ou política do local.
Quais são as causas e consequências do êxodo rural?
Um dos grandes motivos que favorecem a migração da população rural é o fator atrativo que as cidades exercem sobre o campo, visto que, muitos se mudam em busca de emprego e melhores condições de vida.
Entretanto, a maioria dos trabalhadores não possui a qualificação profissional exigida pelo mercado, que por sua vez, é cada vez mais competitivo. Isso, consequentemente, gera um aumento populacional desordenado, além do desemprego e do subemprego nas cidades.
Ademais, existem outros problemas de ordem estrutural e social ocasionados pelo êxodo rural. São eles:
Aumento do desemprego: com o crescimento acelerado da população, o mercado de trabalho não consegue absorver todos os trabalhadores. E mais, a falta de qualificação profissional dificulta a colocação em uma função.
Aumento do subemprego: devido à falta de emprego e necessidade de ganhar o sustento, muitas pessoas se sujeitam a desempenhar atividades sem vínculos empregatícios.
Crescimento de favelas: por conta da baixa renda e a falta de emprego, trabalhadores não conseguem comprar um imóvel digno para morar e terminam ocupando áreas periféricas e áreas de risco, o que provoca a expansão de casas precárias e bairros marginalizados.
Marginalização: a falta de oportunidades e de perspectivas também contribui para o surgimento do crime e de atividades ilícitas, como a prostituição de adultos e crianças, tráfico de drogas, formação de quadrilhas, entre outros.
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Como aconteceu o êxodo rural no Brasil?
A princípio, o processo de êxodo rural no Brasil teve início com industrialização que ocorreu a partir da década de 1930 e se fortaleceu 20 anos depois, quando novos setores produtivos passaram a adentrar no país.
Assim, entre 1950 e 1970, houve um aumento na taxa de crescimento da migração do campo para a cidade.
Nesse cenário, o Brasil se tornou um país urbanizado na década de 1970, momento em que 55,98% da população passou a viver nas cidades. Esse número subiu para 67,7% em 1980, e atualmente encontra-se em 85%, conforme dados do IBGE.
Vale pontuar que a formação da Região Concentrada no Sudeste e Sul do Brasil e o processo de modernização conservadora do campo aliada à expansão das fronteiras agrícolas, pautada pelo modelo do agronegócio, foram responsáveis pela aceleração da saída de pessoas dos campos em direção às cidades entre as décadas de 1970 e 1980.
Como está o êxodo rural no Brasil?
Antes de tudo, é importante esclarecer que o êxodo rural no Brasil ocorreu, de forma mais intensa, em apenas duas décadas: entre 1960 e 1980, mantendo patamares relativamente elevados nas décadas seguintes e perdendo força total na entrada dos anos 2000.
De acordo com estudos publicados pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o êxodo rural, nas duas primeiras décadas citadas, contribuiu com quase 20% de toda a urbanização do país, passando para 3,5% entre os anos 2000 e 2010.
No entanto, o Censo Demográfico de 2010 divulgado pelo IBGE aponta que o êxodo rural tem desacelerado nos tempos atuais. Enquanto o Censo anterior (2000),declarou uma taxa de migração do campo para a cidade por ano de 1,31%, a última amostra registrou uma queda para 0,65%. Diante desse dados, é possível observar uma tendência de desaceleração.
Quais são os fatores responsáveis pela queda do êxodo rural no Brasil?
Em síntese, a queda na migração dos trabalhadores do campo se deve a uma série de fatores. Confira alguns deles:
- A quantidade já escassa de trabalhadores rurais no país;
- Investimentos e programas sociais do governo para os pequenos produtores;
- Incentivos à tecnologia e agricultura de precisão;
- Criação de novas tecnologias aplicadas à prática agrícola, que otimizam a produção e trazem maior inteligência ao trabalho rural;
- Profissionalização dos jovens, filhos de produtores e agricultores, em cursos de formação técnica e superior no segmento agropecuário e administrativo.
A verdade é que diante da necessidade de assumir os negócios rurais da família, muitos jovens têm optado por sair do campo para estudar e se profissionalizar a fim de retornar com conhecimento necessário para dar continuidade a gestão da empresa rural.
Nesse cenário, um dos grandes motivadores é o acesso a novas tecnologias, responsáveis por facilitar e agilizar os processos de gestão da fazenda. Dentre eles estão os softwares agrícolas, drones, sensores, telemetria e muito mais.
Enfim, o êxodo rural tende a ser um fenômeno cada vez menos recorrente e significativo, principalmente no Brasil, onde a agropecuária é uma atividade fundamental para a economia do país.
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Até a próxima!