Exportação de grãos: guia de como vender para outros mercados
O Brasil está entre os maiores produtores de grãos do mundo. A cada ano, a exportação de grãos como soja e milho cresce significativamente chamando a atenção de produtores que desejam entrar no mercado externo.
Por isso, resolvemos escrever este artigo para explicar como funciona o mercado de exportação de grãos e suas principais vantagens.
Então, se você tem dúvidas sobre o assunto, leia a seguir!
Atual cenário da exportação de grãos no Brasil
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento entre janeiro e outubro de 2022, as exportações brasileiras do agronegócio alcançaram o recorde de US$ 136,10 bilhões, o que representou um incremento de 33% na comparação com os US$ 102,35 bilhões exportados no mesmo período em 2021. Com isso, o setor representou 48,5% do total das vendas externas do Brasil no período.
Em outubro, o complexo soja, que é o principal setor exportador do agronegócio brasileiro, exportou US$ 3,68 bilhões (+49,6%),com incremento de volume exportado (+27,6%) e dos preços internacionais dos produtos do setor (+17,2%). O principal produto de exportação do setor foi a soja em grãos, com registro recorde para o mês de outubro de US$ 2,49 bilhões.
Já o setor de cereais, farinhas e preparações teve aumento absoluto de US$ 1,75 bilhão em vendas externas, atingindo o valor de US$ 2,20 bilhões. Sendo que, o cereal responsável por essa elevação foi o milho, que teve volume recorde exportado de 7,2 milhões de toneladas para o mês de outubro, ou um montante 5,4 milhões de toneladas superior ao volume exportado em outubro de 2021.
Nesse cenário, a Ásia é a região geográfica com maior participação nas exportações do agronegócio brasileiro. Em outubro de 2022, o continente adquiriu US$ 6,83 bilhões em produtos do agronegócio brasileiro, A China, por sua vez, é a maior parceira comercial do agronegócio brasileiro, e em outubro as vendas ao país asiático cresceram 81,8%, atingindo US$ 4,06 bilhões.
Como funciona a exportação de grãos?
Em resumo, a exportação de grãos, no Brasil, pode ser realizada por meio de duas modalidades: a exportação direta ou indireta. Entenda a seguir!
Exportação direta
Nesta modalidade, o produto é exportado e faturado pelo próprio produtor diretamente com o importador. A vantagem desse tipo de exportação é que o produto exportado fica isento do recolhimento de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e também não caracteriza incidência do ICMS.
Em geral, esses benefícios valem para todos os insumos necessários ao processo de produção. Logo, ao exportar nessa modalidade, o agricultor consegue economizar, aumentando assim, a sua margem de lucro e a competitividade com o produto no exterior.
No entanto, a desvantagem é que para utilizar a exportação direta o produtor rural precisa ter sólido conhecimento sobre todo o processo de exportação de um produto e isso pode representar custos adicionais na contratação de profissionais especializados ou no treinamento de colaboradores.
Exportação indireta
No processo de exportação indireta, o produtor rural não tem contato com o mercado destinatário de seus produtos. Isso porque toda exportação é realizada por uma empresa constituída no Brasil, que tem o objetivo de comprar produtos para, logo em seguida, exportá-los.
Em outras palavras, a exportação é feita por um terceiro que faz a intermediação entre produtor e comprador internacional, mais conhecida como “trading companies”, ou seja, empresas que se dedicam exclusivamente à exportação de produtos.
Na prática, sua grande vantagem é que todo o processo é equiparado pela lei fiscal brasileira à importação direta. Assim, como resultado, aplicam-se os mesmos benefícios relativos ao IPI e ICMS, além da segurança de trabalhar com empresas de grande conhecimento do mercado.
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Como realizar a exportação de grãos?
A princípio, o processo de exportação de grãos é complexo. Afinal, é preciso lidar com aspectos específicos relacionados à documentação, regulamentação e legalização.
Nesse sentido, o recomendado é procurar um consultor especializado para que a parte burocrática seja resolvida com mais facilidade.
Veja a seguir alguns fatores importantes que precisam ser considerados para realizar o processo de exportação de grãos.
Gestão de qualidade
A gestão de qualidade dos grãos é um dos fatores que devem ser considerados no processo de exportação. Isso envolve um trabalho que deve ser iniciado desde a produção do grão até a etapa de manutenção pós-colheita.
Com produtos de boa qualidade fica mais fácil atuar no mercado externo e tomar decisões mais assertivas para o sucesso do empreendimento.
Capacitação profissional
A produção de grãos direcionada para o mercado externo exige um trabalho mais complexo. Por isso, é fundamental investir na capacitação profissional dos colaboradores que compõem o negócio rural.
Além disso, é imprescindível estar atualizado sobre as informações referentes ao mercado internacional de grãos em geral, inclusive as melhores épocas para realizar as exportações.
Solicitação de créditos rurais
Outro ponto importante a ser considerado é o investimento em tecnologias para garantir o aumento da produção e a melhora na qualidade dos produtos. Para isso, o produtor rural pode solicitar algumas opções de créditos rurais disponíveis no mercado e escolher a que melhor atende a sua necessidade.
Ingresso no mercado
Por fim, o ingresso no mercado é fundamental para que o produtor de grãos consiga ampliar sua rede de compradores e consequentemente o contato com empreendedores do mercado interno e externo. Isso porque, inicialmente, as oportunidades de exportação, normalmente, surgem a partir da experiência com o mercado interno.
Quais são as principais vantagens da exportação de grãos?
De um modo geral, a exportação de grãos pode aumentar a competitividade brasileira em relação aos demais países, mas não para por aí, confira a seguir as principais vantagens dessa atividade!
Aumento das vendas nacionais e de exportações
O aumento das vendas representa uma das principais vantagens das exportações. Isso acontece porque a empresa rural ampliará seu contato com determinados mercados e clientes. Como resultado, o negócio aumentará seu lucro, que pode ser notado a médio e longo prazo.
Aumento da produtividade
Como haverá o aumento da saída de produtos por meio da exportação, consequentemente a produtividade precisa aumentar devido à necessidade de abastecimento de outros mercados.
Nesse cenário, as negociações de compra de matéria-prima e insumos são facilitadas, uma vez que o volume adquirido será maior. Como resultado, o custo de produção é reduzido, o que torna o negócio mais competitivo no mercado internacional.
Diversificação de mercados
Com a ampliação do fornecimento de grãos para o exterior, o produtor rural não ficará limitado ao mercado interno. Logo, ao vender seu produto para outros países, ele não dependerá das mudanças drásticas da economia interna.
Contudo, o agricultor conseguirá expandir sua carteira de clientes assim como a sua receita.
Culturas mais rentáveis para exportação
Veja a seguir as culturas de grãos mais rentáveis para exportação!
Soja
A soja está entre as principais culturas exportadas no agronegócio brasileiro. Como vimos, em outubro deste ano, a soja em grãos alcançou o registro recorde de US$ 2,49 bilhões.
A estimativa é que as exportações de soja no Brasil deverão totalizar 91,5 milhões de toneladas em 2023.
Em geral, essa rentabilidade está relacionada à expansão do consumo de carne e derivados, já que a soja é o principal alimento para o gado. Além de ser usada também para o consumo humano.
Milho
A plantação de milho é uma atividade bastante rentável, visto que possui um mercado extremamente próspero em função da alta demanda interna e externa que existe para o consumo deste produto.
Neste mês de outubro, o milho teve o volume recorde exportado de 7,2 milhões de toneladas.
Café
O Brasil é considerado o maior exportador de café do mercado mundial e ocupa a segunda posição, entre os países consumidores da bebida, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Desse modo, essa cultura responde por um terço de toda produção mundial.
De janeiro a agosto de 2022, o Brasil já exportou cerca de 25,7 milhões de sacas de 60 kg em equivalentes de café verde. Nesses primeiros oito meses a exportação do produto rendeu cerca de US$ 5,9 bilhões, o que corresponde a um expressivo aumento de 54,3% na comparação com igual período do ano passado.
Enfim, gostou desse conteúdo? Então, aproveite e leia nosso artigo sobre qualidade de grãos.
Até a próxima!