Fases do feijão: o que fazer em cada etapa de cultivo da cultura
Saiba como funciona o ciclo de desenvolvimento das fases do feijão e aprenda a realizar o cultivo dessa cultura!
O feijão tem grande importância no Brasil, estando presente em quase todas as alimentações feitas pelos brasileiros.
Além do consumo, a cultura do feijão é importante para diferentes classes do agronegócio, sendo produzido por pequenos, médios e grandes produtores.
Sua produção pode ser realizada na época das águas ou primeira época, época da seca ou segunda época e terceira época ou de outono-inverno.
Entretanto, algumas fases do feijão têm grande influência do clima, e se você não conhecer a fenologia da cultura, pode arriscar sua produção.
Desse modo, conhecer o ciclo do feijão, saber suas exigências é fundamental para planejar o plantio e a condução da lavoura até a colheita.
Conheça neste artigo as fases do ciclo da cultura do feijão e como reconhecê-las!
Fases do feijão – A fenologia da cultura do feijão
A princípio, toda cultura tem suas fases definidas, e a junção destas fases compõem o ciclo fenológico da cultura.
Nesse contexto, o ciclo é período que compreende a emergência até a maturidade fisiológica, ou seja, até a colheita.
Assim, para a cultura do feijão os estádios fenológicos são divididos em dois, o vegetativo que tem quatro fases e o reprodutivo que é composto de cinco fases, que você verá com maior detalhe durante o texto.
O período de duração do ciclo depende de vários aspectos como: temperatura, quantidade de chuvas, umidade relativa, vento e luminosidade.
Além disso, o ciclo do feijão pode variar conforme o tipo de hábito de crescimento que a variedade se enquadra.
São separados em quatro hábitos de crescimento:
- Tipo I – crescimento determinado, arbustivo, com ramificação ereta e fechada;
- Tipo II – crescimento indeterminado, arbustivo, com ramificação ereta e fechada, vagens não tocam o solo;
- Tipo III – crescimento indeterminado, prostrado, com ramificação aberta, vagens geralmente com contato com solo;
- Tipo IV – crescimento indeterminado, prostrado ou trepador.
Tipo I
O tipo I tem ciclo mais curto, entre 60 a 80 dias de duração, desse modo, seu período de florescimento também é reduzido, entre uma a duas semanas.
Dessa forma, por ser de ciclo curto a falta de água e luz é bastante prejudicial para estas variedades.
Tipo II
Desde a semeadura até a colheita, as variedades de feijão tipo II têm duração média de 82 a 95 dias.
Nesse sentido, o período de florescimento para este tipo pode variar de curto e médio, sendo entre 10 a 15 dias.
Tipo III
O tipo III tem ciclo de 85 a 100 dias, o que resulta em florescimento com período maior.
Além disso, apresentam boa produção, mas pelas plantas serem prostradas, ou seja, acamadas, os tratos culturais são dificultados.
Tipo IV
O tipo IV tem o ciclo mais longo, acima de 100 dias, e sua floração pode durar mais de 20 dias.
Pelas plantas presentes neste tipo terem crescimento trepador, necessitam de suporte para que não fiquem espalhadas pelo chão.
Assim, geralmente são plantas que se ramificam, crescendo suportes de bambu, cercas e outros.
Portanto, o comum entre os diferentes hábitos de crescimento do feijoeiro são as fases de desenvolvimento.
>>> DOWNLOAD GRATUITO: PLANILHA PARA GESTÃO DE INSUMOS AGRÍCOLAS <<<
Estádios fenológicos do feijoeiro
Mesmo com duração dos estádios fenológicos distintos, todos os tipos passam por V0, V1, V2, V3 e V4, que são as fases vegetativas, e R5, R6, R7, R8 e R9 que são as reprodutivas.
Abaixo está detalhado cada fase de desenvolvimento das plantas de feijão e suas principais características.
Vegetativos
Os estádios vegetativos do feijoeiro são separados conforme o desenvolvimento das folhas.
Nesse sentido, para entender as diferenças do tipo de folhas do feijoeiro veja a figura a seguir.
V0
Primeiramente, a germinação da semente é representada por V0, nesta fase a semente necessita de quantidade de água suficiente para iniciar o processo de germinação.
Assim, com volume de água adequado e temperatura ideal entre 25º C, ocorre a germinação e emergência de modo uniforme e rápido.
V1
Em seguida, quando os cotilédones de mais de 50% das plantas estão acima do nível do solo, a fase é denominada de emergência.
Durante esta etapa os cotilédones se separam expondo o epicótilo e as folhas primárias, que ao abrirem chega ao fim a fase V1.
V2
Já em V2 as folhas primárias estão totalmente abertas ficando na posição horizontal, estas folhas são unifolioladas, e os cotilédones que ainda estão presos na planta, murcham.
V3
Posteriormente, temos o início da fase V3, que ocorre quando a primeira folha composta, formada por três menores (trifoliolada) e completamente aberta.
O término desta fase é quando a segunda folha trifoliolada está crescendo, os cotilédones se desprendem da planta e a terceira folha trifoliolada inicia seu crescimento.
V4
Por fim, quando a terceira folha trifoliolada está totalmente aberta e plana, inicia-se a fase V4.
Começa o desenvolvimento dos ramos secundários, e a duração desta fase é menor em variedades do tipo I e maiores para os tipos II, III e IV.
Esta é a última etapa do estádio vegetativo da cultura do feijão, seu término é caracterizado com o início do estádio reprodutivo, pelo desenvolvimento dos botões florais.
O estádio vegetativo do feijoeiro varia de acordo com o ciclo da variedade e o hábito de crescimento.
Reprodutivo
Os estádios reprodutivos do feijoeiro são R5, R6, R7, R8 e R9, e mudam de acordo com o desenvolvimento dos órgãos reprodutivos da planta.
Portanto, para mudar de uma fase para outra pelo menos 50% das plantas da área devem apresentar a mudança.
R5
A fase R5 é denominada de pré-floração, com o desenvolvimento dos primeiros botões florais e ramos secundários.
Essa fase é variável conforme o hábito de crescimento, em variedades de crescimento determinado os botões florais formam de cima para baixo no ramo.
Já para o crescimento indeterminado os botões florais ocorrem debaixo para cima na planta.
R6
A floração é caracterizada pela abertura da primeira flor da planta e termina quando 100% das plantas apresentarem ao menos uma flor aberta.
Assim como em R5, a abertura das flores ocorre de cima para baixo em plantas de crescimento determinado (tipo I) e de baixo para cima quando for indeterminado (tipo II, tipo III e tipo IV).
R7
A fase R7 é a formação de vagens, onde já ocorreu a fecundação das flores, com isso as pétalas murcham e caem, com desenvolvimento das primeiras vagens (canivete).
O crescimento das vagens é longitudinal, e a fase termina quando 50% das plantas apresentam uma vagem com tamanho máximo.
R8
Enchimento das vagens ou R8 é a fase onde o volume das vagens começa a aumentar devido a formação dos grãos.
Ao final desta fase os grãos perdem a coloração verde e adquirem a cor da variedade em campo e o início da queda das folhas.
Assim, quando você, produtor, for realizar a dessecação, este é o momento adequado.
R9
Nesta fase, também denominada de maturação, as vagens começam a secar adquirindo uma coloração amarelo tipo palha.
As sementes começam a perder umidade, e a colheita pode ser realizada quando atingem 15% de umidade.
Principais interferências no ciclo do feijão
Em síntese, todas as culturas sofrem com interferências durante seu ciclo de produção, e para a cultura do feijão, segue abaixo duas características que interferem na produção e o que é adequado para cada uma.
Água
A quantidade de água necessária durante todo o ciclo da cultura é de 250 mm a 350 mm.
Isso significa que a boa distribuição garante bons rendimentos, porém a deficiência hídrica prolongada durante as fases de germinação até o florescimento, causa maiores perdas de produção.
Temperatura
A temperatura ideal durante o ciclo do feijão é de 15 e 27 ºC, a temperatura ideal é de 21 ºC.
Temperaturas acima de 35 ºC e abaixo de 12 ºC interferem na fertilização, retenção e abortamento das vagens.
Ademais, outros aspectos também influenciam no ciclo da planta, como luminosidade, que podem atrasar ou adiantar em alguns dias o desenvolvimento e colheita.
Desse modo, é importante realizar o monitoramento constante da cultura, pois pragas e doenças podem ocorrer em qualquer estádio fenológico.
E ficar atento às necessidades nutricionais da planta, fornecendo os nutrientes necessários e nas fases requeridas.
Sabendo as fases de desenvolvimento que a planta de feijão está, você consegue fazer um manejo mais adequado.
Conclusão
Enfim, neste artigo você viu que as fases do feijão são divididas em dois estágios, o vegetativo e o reprodutivo.
Viu que o hábito de crescimento pode mudar entre as variedades presentes no mercado e que isso influencia em algumas fases de desenvolvimento da planta.
Além disso, você aprendeu a reconhecer em campo o início e término de cada fase.
Então, fique atento aos fatores que influenciam os estádios fenológicos do feijoeiro, somente assim você consegue ser mais assertivo nas suas decisões.
Espero que este artigo tenha fornecido informações úteis para você. Quer saber mais sobre o planejamento de safra? Clique aqui!
Até mais!