Fungicida sistêmico e de contato: qual a diferença?; saiba mais!
Os fungos estão entre os principais causadores de enormes perdas de produtividade nas culturas agrícolas.
Os fungicidas são moléculas químicas, orgânicas ou inorgânicas utilizadas para controlar esses patógenos causadores de doenças nas lavouras.
São definidos e regulamentados pela Lei Nº 7.802, de 11 de julho de 1989 e compreendem um dos principais métodos de controle utilizados.
Em 2020, no Brasil, 299.010.006 hectares de áreas de cultivo foram tratados com fungicidas. Sim, quase 300 milhões de hectares!
No entanto, existem diferentes classificações dos fungicidas e para sua utilização correta e segura devem se conhecer essas denominações.
Para te explicar quais são essas diferenças de classificações e qual é o melhor fungicida para sua lavoura, confira este artigo!
Diferenças entre os grupos de fungicidas
Podem ser classificados de acordo com o tipo de ingrediente ativo, sua mobilidade na planta, princípio de controle e alvo biológico.
Tipo de ingrediente ativo
Os fungicidas podem ser compostos por moléculas inorgânicas ou orgânicas.
Quando apresenta em sua composição átomos de carbono, como os ditiocarbamatos, ele é denominado orgânico.
Por outro lado, se não apresentar átomos de carbono em sua composição, como os cúpricos, ele é denominado inorgânico.
Mobilidade na planta
A mobilidade na planta ou sistemicidade refere-se à capacidade do produto translocar na planta.
Ou seja, após a aplicação do fungicida, onde o produto irá atuar. Podem ser sistêmicos, imóvel ou translaminar.
Os fungicidas sistêmicos penetram e se movem rapidamente para partes da planta diferente do local da aplicação.
Eles atuam matando as estruturas do patógeno tanto na superfície quanto dentro da planta.
Os fungicidas não sistêmicos ou imóveis, comumente chamados de contato, não penetram na planta e atuam por contato diretamente sobre o patógeno.
Podem ser considerados com uma ação limitada de penetração na planta somente até a região da cutícula.
Já os fungicidas mesosistêmicos são intermediários aos sistêmicos e aos não sistêmicos.
Quando aplicados, eles atravessam ou se movem restritamente no limbo foliar das plantas.
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Princípio de controle
Relacionado às suas ações dentro do processo de sobrevivência dos fungos. O fungicida irá controlar dentro do processo de infecção dos fungos, podendo ser protetores, curativos ou erradicantes.
Os fungicidas protetores atuam prevenindo a infecção nas plantas, atuam impedindo a penetração dos fungos.
Os curativos atuam em um momento após a infecção, mas antes do aparecimento dos sintomas visíveis, impedindo a colonização do fungo.
Os erradicantes atuam após o aparecimento dos sintomas e na fase de esporulação, eliminando o inóculo do fungo.
Observe na figura abaixo, o momento adequado de controle de cada fungicida, considerando o processo de infecção do patógeno na planta.
Alvo biológico
Baseia-se no espectro de ação dos fungicidas, em qual ou quais pontos do metabolismo do patógeno eles irão atuar.
Podem ser considerados com sítio-específicos, atuando em uma única proteína ou enzima ou único ponto do metabolismo do fungo, e multissítios, atuando em vários pontos do metabolismo.
O grupo dos triazóis pode ser exemplificado como fungicidas com sítio-específicos e os ditiocarbamatos como multissítios.
Modo de ação e grupos químico dos fungicidas
Corresponde ao processo metabólico do fungo que será afetado pelo fungicida.
Existem diversos modos de ação (MoA) dos fungicidas e que também são classificados em grupos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento –MAPA.
Por definição, o grupo químico é nome dado a um grupo de fungicidas que compartilham o modo de ação, podendo ou não ter estrutura química similar.
Veja na tabela abaixo, exemplos de diferentes modos de ação e grupos químicos de fungicidas utilizados no Brasil.
Formas de utilização dos fungicidas
Visto as diferentes classificações dos fungicidas, devemos verificar em quais momentos e situações eles podem ser utilizados.
Tratamento de sementes
Visam controlar os patógenos transportados por sementes e proteger as sementes e as plântulas durante o período de germinação dos fungos.
Os fungicidas protetores residuais preventivos protegem as sementes durante um período relativamente curto após o plantio, em relação aos sistêmicos.
Os fungicidas sistêmicos nas sementes, podem erradicar e evitar a transmissão de patógenos para a parte aérea.
Nesta modalidade, normalmente, são utilizados produtos não-sistêmicos protetores (exemplo do thiram) e sistêmicos com ação erradicante (benomyl).
Tratamento de frutos em pós-colheita
Visam proteger os frutos e hortaliças de doenças de pós-colheita, por meio da imersão dos frutos na calda de fungicida diluído antes de seus armazenamentos.
Realizado principalmente em frutas para exportação e para o mercado nacional.
Tratamento do solo com fungicidas
Neste caso, como o alvo biológico é o solo, procura-se combater o patógeno presente no solo antes de atacarem as plantas.
São conhecidos como os fungicidas fumigantes, dentre eles, o brometo de metila e o dazomet. Contudo, são extremamente tóxicos para os seres vivos e recomendados apenas em determinadas situações.
Tratamento da parte aérea das plantas
Amplamente realizado em diversas culturas, correspondendo a modalidade de aplicação com enorme opção de produtos.
No entanto, quando se decide pela utilização dessa categoria de aplicação, alguns fatores devem ser considerados.
A deposição do fungicida sobre as folhas, redistribuição dos fungicidas, tenacidade, movimentação dos fungicidas e penetração do fungicida sobre o fungo são fatores muito importantes.
Na tabela abaixo, conheça alguns desses produtos registrados no Brasil.
Como escolher o fungicida mais adequado para sua lavoura?
Primeiramente, é necessário a identificação correta do patógeno, pois algumas doenças podem apresentar sintomas semelhantes e para escolha do fungicida é fundamental conhecer o fungo.
O histórico da região e da cultura devem também ser considerados, além do acompanhamento das condições climáticas da região.
Em relação propriamente dos fungicidas, você deve utilizar somente os registrados!
Além disso, fatores físicos como a deposição do fungicida sobre as folhas e a tenacidade devem ser verificados.
A deposição é a pulverização do fungicida sobre as folhas que devem cobrir toda a superfície suscetível ao fungo e a tenacidade é a capacidade do fungicida permanecer nessa superfície.
Ambos devem resistir às chuvas, vento, sol, volatilização e demais intempéries, sendo que quanto maior a tenacidade maior poder residual.
Que aplicação de fungicida é uma grande aliada no controle de doenças sabemos, mas ela não deve ser utilizada como a única forma de controle.
O manejo integrado de doenças deve ser realizado e outros métodos de controle precisam ser incorporados em sua lavoura!
Dessa forma, além de usufruir da eficiência dos fungicidas no controle dos patógenos, você estará incorporando estratégias de anti-resistência aos fungos.
Conclusão
Neste artigo você viu o que é fungicida e que existem diferentes tipos e classificações.
Viu que os fungicidas apresentam diversos mecanismos de ações para o controle dos patógenos e que devem sempre ter seu uso associados.
Além disso, viu que a identificação correta do patógeno causador da doença é fundamental para poder selecionar os produtos mais adequados e a tecnologia de aplicação mais eficiente para seu controle.
Conseguiu tirar suas dúvidas e quer saber mais sobre o tema? Aproveite e leia nosso artigo sobre: Saiba como planejar a compra de insumos agrícolas!