Germinação das sementes na lavoura: como otimizar?
O plantio de sucesso passa por várias etapas. Uma delas é a escolha de boas sementes para garantir a germinação adequada.
Analisar o lote de sementes e avaliar se sua germinação é adequada demanda conhecimento, técnica e dedicação do produtor. Esta é uma das etapas principais que não deve ser pulada de forma alguma.
Você sabe como se dá a germinação de sementes?
Neste artigo vamos te mostrar os principais pontos que devem ser analisados na hora da escolha do lote a ser plantado.
Entenda como se desenvolvem as sementes
As sementes servem para perpetuar as espécies, garantindo a expansão da agricultura. Elas surgem nas flores, pela fertilização de óvulos, quando se estabelece uma variabilidade genética favorável à adaptação das espécies.
As sementes são constituídas por três componentes principais ligados entre si: cobertura, tecido de reserva e eixo embrionário.
A cobertura serve para unir as partes internas e oferece proteção. Ela também regula o processo de germinação e controla a entrada de água e oxigênio. Por isso, pode causar impermeabilidade, o que se chama mecanismo de dormência.
Já o tecido de reserva é o suprimento nutritivo para o eixo embrionário. Ele é responsável pelo crescimento inicial.
O eixo embrionário, por sua vez, é uma unidade de propagação. Ele serve para retomar o crescimento e formar uma nova planta adulta. Aliado ao cotilédone, tem-se o embrião. Cotilédones são estruturas ligadas ao eixo para absorver e reservar alimentos que serão utilizados na germinação das sementes.
Uma semente é considerada de alta qualidade quando tem boas características genéticas, físicas, fisiológicas e sanitárias. A redução do vigor e da viabilidade estão ligadas à alteração no eixo embrionário.
O desenvolvimento das sementes ocorre em quatro etapas: repouso fisiológico, criptobiose, quiescência e dormência.
Inicialmente, as sementes passam por um processo de acúmulo de nutrientes, como proteínas, lipídios e celulose. É então que ela atinge o ponto de maturidade fisiológica.
Devido ao repouso fisiológico, quando ocorre queda de umidade e temperatura, as sementes não germinam, aguardando as condições ambientais ideais para isso. A temperatura ótima costuma ser entre 20ºC e 30ºC. Ela é chamada assim quando percebe-se que o maior número de sementes germina em um curto espaço de tempo.
Durante a criptobiose, o teor de água das sementes se mantém baixo, com adição de substâncias que inibem o metabolismo. Em seguida, na quiescência, há ainda baixo teor de água, associado ao baixo consumo de oxigênio, com menor atividade enzimática.
A umidade ideal varia de acordo com a espécie de cada semente. As monocotiledôneas, por exemplo, precisam atingir cerca de 40% para que sejam germinadas. É o caso dos cereais. Já as dicotiledôneas necessitam de até 55% de umidade. Elas são reidratadas conforme a permeabilidade, área de contato com substrato e temperatura do ambiente.
Por fim, a dormência indica que as sementes são expostas às condições ambientais específicas para que ocorra a germinação. A reativação das sementes que tiveram seu crescimento embrionário estacionado depende de níveis de água e temperatura adequados, entre outras condições próprias.
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Saiba realizar o teste de germinação de um lote de sementes
Para avaliar o potencial germinativo de um lote de sementes, siga os seguintes passos: monte um canteiro de 10 a 15 cm e faça sulcos de 3 cm de profundidade ou de acordo com a especificação para a cultura em análise (cada sulco deve estar a 15 cm de distância um do outro); coloque as sementes e cubra com solo. A partir daí, faça a semeadura de quatro repetições de 100 sementes por amostra que esteja sendo testada (cada repetição em um sulco).
Por meio dos resultados alcançados com o teste é possível compreender como as sementes se comportariam no campo.
O que pode afetar a germinação?
Vários fatores influenciam na germinação das sementes. É importante conhecer cada um para identificar na hora do plantio e evitar prejuízos à lavoura.
A vitalidade e a viabilidade são os primeiros critérios ao analisar um lote de sementes. Isso significa considerar as características morfológicas e fisiológicas. Elas não devem sofrer bloqueios como a dormência, que é outro atributo a ser avaliado. Ele diz respeito a sementes que, embora vivas, não irão germinar, a não ser que se anulem questões relacionadas à temperatura, umidade, concentração de enzimas e fitormônios.
Antes de mais nada, as sementes são determinadas por suas características genéticas. O genótipo é um critério fundamental, que traduz os processos fisiológicos da semente. Vale considerar, ainda, cultivares diversos para analisar caso a caso. Desta forma, é possível escolher os materiais mais adequados às condições daquele plantio.
O período em que a planta se mantém viva é chamado de longevidade. Esse ponto também deve ser considerado, já que não se pretende utilizar sementes deterioradas.
A maturidade é outro ponto de atenção, juntamente com a sanidade. É preciso que as sementes estejam em seu grau máximo de germinação. Além disso, patógenos não são bem-vindos.
Água, luz, oxigênio e temperatura: quatro pilares do plantio de sementes que influenciam diretamente em sua germinação. A água é responsável pela retomada metabólica. O oxigênio está diretamente ligado à produção de energia.
Conheça as fases da germinação de sementes
Quando a semente entra em contato com a água, ela sai do repouso fisiológico. É então que se inicia a germinação das sementes.
A partir daí, ocorre o desenvolvimento embrionário. Em seguida, é formada a plântula normal.
Ao todo, são três eventos metabólicos que caracterizam a germinação das sementes. Entenda melhor no gráfico a seguir.
Como avaliar a qualidade das sementes
Para compreender se uma semente é boa, é preciso avaliar quatro fatores: físicos, fisiológicos, genéticos e sanitários. Juntos, esses atributos definem a qualidade da semente e, consequentemente, seu poder germinativo.
A qualidade física está relacionada à estrutura, tamanho e volume, por exemplo. A questão fisiológica envolve viabilidade de determinado lote e vigor durante a germinação. Qualidade genética é sobre sementes da cultivar ou híbridas. Por fim, qualidade sanitária indica que a semente está livre de patógenos e sementes de plantas daninhas.
O tratamento de sementes pode ser um aliado
Uma das formas de ampliar o sucesso da germinação das sementes é por meio do tratamento de sementes.
O objetivo principal é proteger a semente desde a semeadura até a germinação. Isso é feito por meio de aplicação de defensivos químicos ou biológicos para controle de fungos e pragas.
Também podem ser aplicados inoculantes, micronutrientes, estimuladores de crescimentos entre outras tecnologias.
Assim, a semente se mantém protegida desde as fases iniciais até o surgimento da plântula.
O tratamento de sementes é feito com base no teste de análise de qualidade das sementes. Nele contém as informações sobre qualidade sanitária e traz as causas da baixa germinação.
Os tratamentos de sementes são feitos on farm ou nas indústrias, por meio do Tratamento Industrial de Sementes (TIS).
Conclusão
Entender como ocorre a germinação das sementes é ter controle sobre o plantio. Essa etapa é fundamental para o sucesso da lavoura.
Os produtores mais antenados sabem dessa importância e investem em profissionais e tecnologias que auxiliem o processo. Afinal, uma germinação de sementes adequada é sinônimo de economia e sucesso do trabalho.
Cada característica das sementes deve ser levada em conta. É preciso compreender também os fatores externos e de que forma eles impactam na germinação. Por fim, resta destacar que cada cultura é única e traz suas especificidades de tratamento.
Agora que você sabe tudo sobre germinação de sementes, saberá cuidar ainda melhor do seu plantio. Vale lembrar que o auxílio do agrônomo é fundamental.
Que tal aplicar tudo que aprendeu aqui para aumentar ainda mais o sucesso de sua lavoura?