Mosca branca: como combater essa praga

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Mosca branca: como combater essa praga

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A mosca branca é considerada uma das principais pragas da agricultura, principalmente em culturas como a de soja, feijão, algodão, tomate e outras.

Na prática, os ataques desse inseto são capazes de afetar o desenvolvimento das plantas, reduzir a produtividade e a qualidade da produção. Sendo que, a gravidade dos danos pode variar de acordo com a cultura.

Contudo, a melhor forma de eliminar essa praga é conhecer de perto como ela age na lavoura e as técnicas de combate mais eficazes.

Pensando nisso, preparamos este artigo, para tirar todas as suas dúvidas sobre o assunto.

Confira a seguir!

O que é mosca branca?

A mosca branca pode ser definida como um inseto sugador comum em diversas culturas. Acredita-se que atualmente ela possui um complexo de espécies com cerca de 20 biótipos.

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Segundo pesquisas, esse complexo mosca-branca, adaptou-se à alimentação em diferentes plantas, agrupando, atualmente, cerca de 700 espécies de plantas hospedeiras, tanto anuais como perenes, como soja, ervilha, feijão, algodão, tomate, batata, berinjela, pimenta, fumo, repolho, couve, brócolis, melão, melancia, pepino, mamão, uva, poinsétia, roseira, entre outras.

Em plantas de soja, a mosca branca transmite o vírus da “necrose-da-haste”, do grupo dos carlavírus, que com a evolução dos sintomas, pode levar a planta à morte.

Qual é a sua origem?

Sabe-se que a mosca branca se disseminou pelo planeta por meio da comercialização e do transporte de plantas ornamentais realizada entre os países da Europa, Bacia do Mediterrâneo, Ásia e Américas.

Assim, devido à facilidade de adequação a regiões de climas tropical, subtropical e temperado, a mosca branca se transformou também no vetor de mais de uma centena de viroses descritas em diferentes partes do mundo.

No Brasil, esse inseto é conhecido desde 1923 e ressurgiu nos anos 90 com índice populacional elevado. Dessa forma, apareceu primeiramente na região Sudeste e em seguida nas regiões Centro-Oeste, Sul e Nordeste provocando grandes perdas à agricultura brasileira, atacando, inicialmente, plantas ornamentais e logo depois as demais culturas.

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Estados afetados pela mosca branca na década de 90
Fontre: Promip

Atualmente a mosca branca está em todos os estados brasileiros e já provocou prejuízos superiores a R$ 10 bilhões.

Ciclo biológico – Como reconhecer a mosca branca na lavoura?

Clico de vida da mosca branca
Fonte: Promip

Para identificar a mosca branca, é necessário conhecer o seu ciclo biológico que é dividido na fase de ovo, um primeiro ínstar da ninfa, no qual o inseto se locomove, por alguns minutos, até localizar o local mais adequado na planta para então se fixar.

Em seguida, as ninfas passam por três ínstares imóveis, sendo o último ínstar incorretamente denominado de “pupa” ou “pseudo-pupa” e, finalmente, os adultos (machos e fêmeas). Os adultos medem cerca de 1,0 mm de comprimento, sendo a fêmea ligeiramente maior que o macho.

De modo geral, os insetos nesse estágio têm o dorso amarelo pálido possuindo dois pares de asas membranosas de cor branca (Figuras 3A e 3B). Logo, a fêmea tem a capacidade de postura que vai de 100 a 300 ovos, durante todo seu ciclo de vida, que é variável e dependente da alimentação e temperatura.

mosca branca adulta nas folhas da soja

Contudo, os ovos (Figura 4) medem aproximadamente 0,2 mm e são colocados na face inferior das folhas jovens. Entretanto, nas primeiras horas após a postura, os ovos são caracterizados por um formato alongado com um pedúnculo de cor branca amarelada, que se torna marrom escura no final.

Ovos de mosca branca na soja

Por fim, a fase de ovo ocorre em um período entre 5 e 7 dias quando acontece no início da eclosão das ninfas (Figura 5). Todavia, esse tempo, em geral, pode variar em função das condições climáticas e do hospedeiro.

Ninfas de mosca branca na soja

A mosca branca causa danos em quais culturas?

Em síntese, períodos secos e quentes favorecem o desenvolvimento e a dispersão da mosca branca, sendo, por isso, observados maiores picos populacionais na estação seca. Sendo assim, essa praga é hospedeira de culturas como:

  • Algodão;
  • Brássicas (brócolos, couve-flor, repolho);
  • Cucurbitáceas (abobrinha, melão, chuchu, melancia, pepino);
  • Leguminosas (feijão, feijão-de-vagem, soja);
  • Solanáceas (berinjela, fumo, pimenta, tomate, pimentão);
  • Uva;
  • Plantas ornamentais como o bico-de-papagaio (Euphorbia pulcherrima).

Além disso, ela tem sido detectada também em plantas daninhas como o picão, joá-de-capote, amendoim-bravo e datura.

Quais danos ela pode provocar?

Na prática, os ataques da mosca branca podem ocasionar muitos prejuízos às plantas cultivadas. Esses danos têm início no transplante da cultura e prosseguem no decorrer de seu desenvolvimento.

Como resultado, em curto prazo eles podem gerar a redução acentuada da produtividade e em longo prazo comprometer de forma irreversível a sustentabilidade de muitos sistemas agrícolas do país.

Em geral, os danos podem ser diretos, por meio de anomalias, ou desordens fitotóxicas, caracterizadas pelo amarelecimento de folhas, ramos e frutos, causado pela injeção de toxinas durante o processo de alimentação do inseto.

Assim, ao sugar a seiva das plantas, com a introdução do estilete no tecido vegetal, os insetos (adultos e ninfas) promovem alterações no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo da planta, debilitando-a e reduzindo a produtividade e qualidade dos frutos.

Além disso, quando há altas densidades populacionais, podem ocorrer perdas de até 50% da produção, bem como infestações muito intensas capazes de provocar a murcha, queda de folhas e perda de frutos.

Outro tipo de dano significativo é acarretado pelo desenvolvimento de fumagina nas folhas, o que reduz a taxa fotossintética das plantas, a desuniformidade na maturação das colheitas e a consequente redução da produção.

Contudo, existe uma grande preocupação em relação ao dano indireto, causado pelo inseto como vetor de várias viroses como os geminivírus, em especial do gênero Begomovirus (Geminiviridae) na cultura do tomateiro.

De modo geral, em tomate para processamento industrial, ocorre o amadurecimento irregular (Figura 3) dos frutos, isso se deve por uma toxina injetada pelo inseto.

Logo, o reconhecimento do ponto de colheita dos frutos e reduz a produção e a qualidade da pasta. Note, que internamente os frutos são esbranquiçados, com aspecto esponjoso, ou “isoporizados” (Figura 4) .

danos causados pela mosca branca no tomate

O que fazer para combater a mosca branca?

Antes de tudo é preciso entender que a mosca branca deve ser controlada dentro do sistema produtivo. Com isso, não só os produtores de tomate necessitam ser cautelosos, mas sim, todos os produtores que fazem parte da cadeia agrícola produtiva do país.

Para isso, é preciso investir em táticas de manejo integrado que serão descritas a seguir:

Tratamento Preventivo

O tratamento preventivo é essencial no controle da mosca branca, visto que, ela é caracterizada como um inseto vetor em culturas como o tomate e o feijão. Sendo assim, é necessário se antecipar e tratar a muda ou a semente.

Logo, uma alternativa para os produtores de tomate é o tratamento das mudas nos viveiros a fim de adquirir uma planta tratada e evitar riscos que podem ocorrer por ocasião do tratamento do campo.

Além de tudo, os viveiros, atualmente, possuem equipamentos e pessoal capacitado para realização desse tipo de tarefa, evitando assim, todos os problemas decorrentes de uma aplicação incorreta.

Eliminação dos restos de cultura e preparo do solo antecipado

Tão importante quanto o tratamento preventivo é a eliminação nos restos culturais. O indicado é que eles sejam incorporados ao solo logo após a colheita para evitar a formação de focos de sobrevivência para ovos, ninfas a mosca branca na fase adulta.

Além disso, anteceder a preparação do solo também é uma boa opção, uma vez que, ajuda a evitar o surgimento de plantas daninhas e a perpetuação da praga na área. Dessa forma, é possível diminuir as populações iniciais da praga.

Evitar o escalonamento do plantio e a adoção de barreiras vivas

Em suma, os transplantios escalonados e próximos a áreas infestadas devem ser evitados. No entanto, quando isto não for possível, o produtor deve ter uma atenção redobrada, já que nestes casos as migrações de moscas contaminadas por vírus são mais frequentes.

Além disso, é importante observar as direções do vento a fim de permitir que as primeiras áreas transplantadas se iniciem a favor do vento, isso porque a praga o utiliza como principal meio de dispersão e se alastrara de modo escalonado entre os talhões transplantados.

Contudo, a utilização de quebra-ventos entre os talhões é opção a ser considerada. Vale destacar que a implantação dessas barreiras vivas também é indicada para culturas como o sorgo, o milho, o milheto e outras plantas semelhantes. Esta medida pode ajudar a impedir ou a adiar a entrada da mosca branca de fase adulta no local.

Monitoramento constante nas áreas cultivadas

Outro fator de extrema importância é o monitoramento frequente da área cultivada por meio de inspeções semanais no campo, antes, durante e depois dos cultivos. Nesse caso, o intuito é identificar focos de infestações, tendo em vista que depois de estabelecida, a população de mosca branca pode aumentar de maneira drástica.

Além disso, as vistorias podem ajudar a identificar a presença do inseto em estágio jovem na parte inferior das folhas a fim de atuar no controle na medida do possível.

É fato que o nível de infestação de mosca branca cresce linearmente com o passar do tempo, devido, principalmente, à migração dos adultos originários de outros cultivos. Por isso, a importância do monitoramento, que deve ser feito:

  • No caminhamento em zigue zague;
  • Se atentando para as bordaduras;
  • Percorrendo toda a área de cultivo;
  • Quantificando adultos em dez plantas/ponto;
  • Totalizando cinco pontos/área de no máximo 50ha;
  • Considerando-se infestadas as plantas que apresentarem um ou mais adultos.

Ademais, após 30 dias, ainda que a quantidade de plantas seja a mesma (50),apenas uma folha do terço médio deverá ser inspecionada.

No caso das ninfas, o procedimento deve ser o mesmo, porém a observação e a quantificação poderão ser feitas com mais qualidade.

Para isso, o recomendado é a utilização de uma lupa de bolso com aumento mínimo de oito vezes e o número médio para a tomada de decisão pode ser de dez ninfas/folíolo. No mais, é importante lembrar que a coleta deve acontecer no terço médio da planta.

Medidas fitossanitárias obrigatórias

Em síntese, o vazio sanitário pode ser um grande aliado na redução da mosca branca e das doenças que o inseto é capaz de transmitir. No entanto, o ideal é que fosse seguido por todos os estados brasileiros e em outras culturas hospedeiras, para que, de uma forma concreta, se iniciasse um processo de quebra definitiva do ciclo da praga em questão.

Controle Cultural, Químico e Biológico – Métodos para afastar a mosca branca

Os controles cultural, químico e biológico podem ser usados no combate e controle da mosca branca. Veja qual é a diferença de cada um deles:

Controle Cultural

Consiste no emprego de práticas agrícolas rotineiras para criar um agroecossistema menos favorável ao desenvolvimento e à sobrevivência dos insetos. Para isso, utiliza-se as seguintes práticas:

  • Plantio de mudas sadias;
  • Uso de barreiras vivas;
  • Uso de armadilhas;
  • Manutenção da lavoura no limpo;
  • Eliminação de restos culturais;
  • Plantio de cultivares resistentes.

Controle Químico

É o tipo de controle mais generalizado, realizado por meio de diferentes produtos químicos a fim de matar as pragas com mais facilidade. Para a sua eficiência são utilizadas as seguintes medidas:

  • Uso de inseticidas;
  • Aplicação de produtos em rotação (espacial ou temporal).

Controle Biológico

O controle biológico é um método que utiliza um organismo vivo para matar e controlar pragas. No caso da mosca branca, são utilizados inimigos naturais como:

  • Grupos de predadores, com 16 espécies das ordens Hemiptera, Neuroptera, Coleoptera e Diptera;
  • Parasitóides de 37 espécies de micro-himenópteros. Com gêneros Encarsia, Eretmocerus e Amitus;
  • Grupo de entomopatógenos, com as espécies: Verticillium lecanii, Aschersonia aleyrodis, Paecilomyces fumosoroseus e Beauveria bassiana.

Nesse sentido, a adoção de medidas de controle adequadas, tais como práticas culturais, cultivares resistentes e uso racional de inseticidas pode favorecer o aumento dos inimigos naturais.

Enfim, acredito que essas informações te ajudaram a entender como a mosca branca age na lavoura e as diferentes formas de combatê-la.

Para continuar aprendendo sobre esse assunto, a minha recomendação é que você leia também nossos artigos sobre controle de pragas agrícolas, percevejos einseticidas naturais.

Até a próxima!


Publicado por:
Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atua como Analista de Conteúdo no MyFarm. 
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