Percevejos na lavoura: quais danos esse inseto pode causar?

Share

Percevejos na lavoura: quais danos esse inseto pode causar?

Quer saber mais sobre o MyFarm?

Entre em contato e agende uma demonstração com nossos consultores!

Solicitar Teste Grátis

Por incrível que pareça, hoje os percevejos são considerados uma das pragas mais agressivas para as culturas, principalmente as de soja.

De acordo com a Embrapa, eles têm sido motivo de grande preocupação para os agricultores. Isso porque além de causar grandes danos para a produção agrícola, são difíceis de controlar uma vez que atacam a vagem e o grão.

Por isso, elaboramos um artigo completo para tirar todas as suas dúvidas sobre os percevejos. Dessa forma, você vai descobrir a melhor forma de combatê-los para preservar a sua lavoura contra os ataques dessa praga.

Que tal? Ficou interessado?

Então, vem comigo!

O que são percevejos na lavoura?

Os percevejos são insetos sugadores que se alimentam por meio da introdução do aparelho bucal (estiletes) na fonte nutricional.

ads

Na agricultura, podemos identificar como pragas, as espécies fitófagas, que se alimentam de plantas. Em geral, elas consomem sementes, que são fontes de nutrientes com alto teor de nitrogênio.

Sendo assim, esses insetos estão diretamente associados com plantas no período reprodutivo. O que não descarta sua ocorrência em plantas novas, principalmente nas culturas de milho, trigo e soja.

Qual o tempo de vida de um percevejo?

Em primeiro lugar, os percevejos compõem um ciclo biológico de 7 etapas. Logo, durante o período do seu desenvolvimento, eles passam pela fase de ovo, ninfa (composta de cinco estádios instares) e a fase adulta.

Assim sendo, o ciclo inicia com a fase dos ovos, que após serem depositados, evoluem para fase de ninfa, onde apresentam uma coloração variada com manchas distribuídas pelo corpo. Esse período, geralmente, dura cerca de 25 dias.

Logo depois, já na fase adulta, eles iniciam a cópula em 10 dias e as primeiras oviposições ocorrem após 13 dias. Contudo, possuem longevidade média de 50 a 120 dias e número de gerações anuais de 3 a 6 dependendo da região, sendo as fêmeas, em geral, maiores que os machos.

Na prática, a fecundidade média dos percevejos varia de 120 a 170 ovos/fêmea dependendo da espécie, sendo que o ritmo de postura diminui à medida que as fêmeas envelhecem. Esses parâmetros biológicos são influenciados pela dieta alimentar e pela temperatura.

Quais são os principais tipos de percevejos?

Existem vários tipos de percevejos, mas em geral, existem quatro espécies mais frequentes nas lavouras, principalmente nas culturas de soja e milho. São elas: percevejo verde (Nezara viridula),o pequeno (Piezodorus guildinii),marrom (Euschistus heros) e barriga-verde (Dichelopssp).

Percevejo Verde

O percevejo verde é mais frequente em regiões frias do Brasil. Sendo assim, encontra-se em maior abundância no sul do país. Além disso, é polífago (se alimenta de plantas pertencentes a diferentes famílias) e mantém-se ativo durante todo o ano em temperaturas mais amenas como no Norte do Paraná.

Por sua vez, entra em hibernação após a colheita de soja no sul do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Assim sendo, ficam sob a casca de árvores ou em abrigos, como fendas em troncos e até mesmo em residências.

Em síntese, as fêmeas depositam cerca de 50 a 100 ovos, cor bege, na face inferior das folhas, agrupados em forma de mini-colmeia. Ao eclodirem, as ninfas têm coloração preta e manchas claras sobre o dorso, permanecendo em grupo até o segundo ínstar. No entanto, a partir do terceiro começam a se alimentar dos grãos da soja.

Ademais, o percevejo verde adulto mede em torno de 12 a 15 mm de comprimento e pode sobreviver até 50 dias, em boas condições de alimentação e ambiente.

>>> DOWNLOAD GRATUITO: PLANILHA PARA GESTÃO DE INSUMOS AGRÍCOLAS <<<

Percevejo Pequeno

Ao contrário do percevejo verde, essa espécie pode ser encontrada em todas as regiões produtoras de soja do Brasil. Entretanto, é oligófaga (come poucos tipos de alimentos) e também está presente no feijão, feijão guandu, crotalárias e anileiras.

A princípio é reconhecido como a espécie de percevejo que mais causa danos na qualidade das sementes na retenção foliar anormal nas culturas de soja.

Ademais, em sua fase adulta possui a cor verde, porém com tendência para o amarelo acompanhado de uma listra marrom transversal no pronoto e atinge em média 10mm.

Quanto à reprodução, as fêmeas depositam seus ovos, de coloração preta, em fileiras pares com 10 a 20 ovos por postura, em ambas as faces das folhas, nas vagens e também no caule e nos ramos.

Em resumo, as ninfas passam pelos 5 instares entre 15 a 20 dias, mudando sua coloração do preto ao avermelhado e gradativamente adquirindo o tom verde, predominante no adulto. Sendo que, danificam as plantas partir do segundo ínstar.

Conforme estudos no norte do Paraná, esse percevejo realiza três gerações na soja, de dezembro a fevereiro, passando o restante do ano com mais duas gerações em anileira e uma em feijão.

Percevejo Marrom

O percevejo marrom é considerado a espécie mais abundante e tem a soja como seu principal hospedeiro. Assim, consegue se adaptar às regiões quentes e é predominante no Norte do Estado do Paraná, Centro-Oeste e Nordeste brasileiro.

Em resumo, o adulto apresenta dois prolongamentos laterais pontiagudos no pronoto (os espinhos). Já as ninfas têm coloração variada, desde o esverdeado ao marrom-escuro. Com os ovos de cor amarelada, em pequeno número (5 a 8 por postura),usam as folhas e vagens da planta para depositá-los. Sendo que, quando estes estão perto de eclodir apresentam uma mancha rósea.

Da mesma forma que os dois percevejos anteriores, a fase de ninfa dura de 15 a 20 dias. No geral, a partir do terceiro ínstar são mais ativas, iniciam a dispersão, tornando-se mais vorazes. Posteriormente chegam a fase adulta e apresentam longevidade média de 116 dias, podendo viver por mais de 300 dias.

Por fim, ele é geralmente encontrado nas lavouras de soja entre os meses de novembro e abril. Nesse período produz três gerações e pode se alimentar também de amendoim-bravo. Após a colheita, pode consumir feijão, carrapicho-de-carneiro, girassol e feijão guandu.

O fato do percevejo marrom permanecer sob a vegetação por cerca de sete meses, permite escapar do ataque de parasitoides e predadores na maior parte do ano. Como resultado, consegue sobreviver por mais tempo, o que favorece a sua abundância.

Percevejo Barriga-Verde

O barriga-verde é um tipo de percevejo que tem menor ocorrência na cultura de soja. No entanto, são conhecidos por causar danos nas lavouras de milho, especialmente em plantas jovens.

Dessa forma, causam o amarelecimento e lesões punctiformes nas folhas. Igualmente, tem afetado o trigo, porém em menor intensidade.

No geral, eles podem ser identificados com base nas seguintes características: os adultos medem de 9 a 11 mm e sua coloração varia entre castanho amarelado ao acinzentado, apresentando o abdomên verde, a cabeça é típica, terminando em duas projeções pontiagudas e o pronoto com margens anteriores denteadas e expansões laterais espinhosas.

Esse tipo de percevejo divide-se em algumas espécies, as duas principais são Dichelops melacanthus (presente em regiões mais quentes desde o Norte do Paraná até o Centro-Oeste) e Dichelops furcatus (presente em regiões com clima mais frio compreendendo desde o sul do Paraná até o Rio Grande do Sul).

Quais danos os percevejos podem provocar?

Em síntese, os percevejos podem causar danos que podem ser classificados em três níveis:

Leves: as folhas se apresentam com pequenos furos sem implicar em maiores problemas para a planta. Assim sendo, podem causar até 5% de perdas.

Médios: ao sofrer o ataque, as plantas podem apresentar atraso no desenvolvimento. Logo, podem gerar até 22% de perdas.

Severos: podem comprometer até 60% de perdas de produtividade, prejudicando inclusive, a formação de espigas nas plantas.

Na soja, os danos diretos dos percevejos estão relacionados à perfuração dos tecidos para retirada de alimento, refletindo em enrugamento ou chochamento dos grãos, redução do peso de grãos.

Em contrapartida, os danos indiretos estão associados a retenção foliar ou “soja louca”, sintomas de haste verde e o favorecimento para fungos causadores de doenças em grãos que acometem em perdas antes e na pós-colheita.

Como o percevejo se alimenta?

Em suma, o percevejo é capaz de sobreviver na palhada por meses sem se alimentar. Isso acontece por que os nutrientes que o inseto suga das plantas durante a safra ficam armazenados no organismo por longos períodos.

De acordo com pesquisadores, eles multiplicam-se por até quatro gerações. Sendo que, três se desenvolvem durante o cultivo e a quarta na pós-colheita quando o inseto se alimenta de plantas hospedeiras.

Com isso, causa distúrbios fisiológicos nas plantas como:

  • Redução da massa de grãos, devido à alimentação direta;
  • Murcha e má formação de vagens;
  • Desequilíbrio na uniformidade de maturação. Ocorrência de plantas verdes com retenção de folhas durante a colheita;
  • Redução de produtividade e qualidade de grãos.

O que fazer para acabar com percevejos?

O controle de percevejos deve ser realizado de acordo com as práticas de manejo integrado. Sendo assim, é fundamental identificar a espécie do inseto bem como o monitoramento das áreas para definição de controle.

Para exemplificar, vamos mostrar tipos de controle de percevejos na soja:

Controle Químico

O controle químico com a utilização de inseticidas pulverizados na parte aérea é considerado o método com maior nível de eficácia, sendo apontada como a principal estratégia de manejo.

Nesse sentido, os inseticidas mais utilizados no combate de pragas são os que combinam a mistura de piretroides + neonicotinoides, que, quando empregados conforme a recomendação e aplicados sob condições favoráveis, apresentam bons resultados de controle.

Assim, o recomendado é que a aplicação seja feita em horas frescas do dia, onde a movimentação dos percevejos na planta é maior. Até porque em horas quentes, o comum é que os insetos busquem abrigo no dossel das plantas ou na palhada, dificultando o controle.

Em resumo, o período crítico de controle na soja inicia no estágio R3 (no início do desenvolvimento de vagens ou canivete) e estende-se até o estágio de maturação fisiológica R7.

Apesar de que, tem sido comum infestações ocorrerem antes mesmo de R3. Nessas situações, o recomendável é que as aplicações sejam antecipadas visando reduzir a pressão de ataque que chegará em R3.

Controle Biológico

Outra alternativa é utilizar o controle biológico. Para isso, cabe ao agricultor avaliar o método mais viável. Como medida, pode-se utilizar plantas armadilhas para manejo como a adoção de bordaduras com variedades de ciclo precoce para manejo inicial, reduzindo a pressão para as demais áreas.

Sem dúvidas, o manejo de plantas daninhas hospedeiras antes do período de semeadura é primordial para a redução da pressão de percevejos na cultura.

Dessa forma, no futuro, pode haver uma variedade de soja tolerante aos percevejos no mercado. Assim, as plantas armadilhas serão, portanto, mais uma estratégia importante a ser considerada para o controle desse tipo de praga.

Controle Alternativo

A princípio, alguns inimigos naturais de percevejos podem ser encontrados nas lavouras de soja. Dentre eles podemos citar os parasitoides Trissolcus basalis e Telenomus podisi, que parasitam ovos de diversas espécies de percevejos, colaborando assim, para a redução populacional desses insetos.

Dessa maneira, eles devem ser preservados a partir do uso de inseticidas mais seletivos. Além disso, também podem ser encontrados em empresas especializadas e liberados nas lavouras conforme o monitoramento.

E aí, gostou? Está preparado para combater o aparecimento de percevejos na sua lavoura? Para aprender mais sobre o controle de insetos na fazenda, leia nosso artigo sobreinseticidas naturais.

Até a próxima!


Publicado por:
Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atua como Analista de Conteúdo no MyFarm. 
Share