Plantas daninhas do milho: saiba quais são as principais
A cultura do milho apresenta destaque no cenário nacional agropecuário, sendo o Brasil o terceiro maior produtor mundial dessa cultura segundo os dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Esse sucesso produtivo é devido a um acumulado desde o pacote tecnológico ao manejo adequado.
Dentro do manejo, hoje destacamos o controle das plantas daninhas no milho que quando realizado inadequadamente pode comprometer em até 80% da sua carga produtiva.
Essa redução da produção é resultado do efeito da competição existente entre a daninha e a planta de milho, ambos buscando por luz, água, nutrientes, espaço e CO2.
Por isso, hoje vamos conhecer as principais plantas daninhas do milho e como deve ser feito o seu manejo evitando transtorno na sua receita.
Dando um pontapé de sucesso no plantio!
Para um início promissor na cultura do milho é crucial que haja a dessecação da área que pretende plantar, o que permite dizer que reduzirá os problemas iniciais com daninhas em sua lavoura.
Essa dessecação geralmente é feita realizando o herbicida glifosato, o qual permitirá o controle da pressão primária de daninhas, seja as oriundas de sementes quanto as oriundas de propágulos vegetativos.
Além do glifosato, também pode ser utilizado outros grupos de herbicidas (2,4-D, saflufenacil, flumioxazina e carfentrazone) conjuntamente, os quais terão a função de maximizar a eficiência da dessecação, tendo em vista que existe alguns grupos de plantas que são resistente ao glifosato ou de difícil controle.
Outra estratégia promissora também é a utilização de herbicidas residuais, os quais prolongam o controle dessas plantas daninhas sob a cultura do milho.
Porque as daninhas são tão agressivas?
As daninhas no geral apresentam características que lhe confere poder agressivo, podendo destacar alguns pontos tais como:
- Rápida germinação e crescimento inicial;
- Sistema radicular bem desenvolvido e abundante (melhor absorção de água e nutrientes do solo);
- Bem eficiente quanto ao uso da água;
- Produz muita semente e/ou propágulos.
E porque o milho também não tem tanta agressividade? Bem, o milho sofre continuamente processos de melhoramento com o objetivo de acréscimo econômico (mais produtivos) e isso quase sempre é contrário ao seu poder competitivo (Pitelli, 1985).
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Quais os problemas que as plantas daninhas podem causar na cultura do milho?
Além delas diminuírem o rendimento da lavoura e aumentar o custo de produção na tentativa de controle essas podem acarretar outros problemas.
Podemos destacar a redução da qualidade do grão, tendo em vista que os mesmo passaram por processo de maturação em épocas distintas, comprometendo a operação subsequente, a colheita.
Ainda, as daninhas podem ser hospedeiras de pragas e doenças que podem comprometer diretamente o pleno desenvolvimento das plantas de milho.
As daninhas ainda podem liberar toxinas que atrapalham o desenvolvimento da cultura.
Plantas daninhas mais problemáticas na cultura do milho
Amargoso (Digitaria insularis)
O capim-amargoso está presente na maioria das regiões do Brasil e tem incidência nas lavouras de milho, soja e algodão durante todo o ano, com fácil propagação pelo vento ou maquinário agrícola.
O capim amargoso é uma planta tratada como de difícil controle pelo fato de apresentar resistência a alguns herbicidas e por sua peculiaridade morfológica.
É uma planta perene, de metabolismo C4 e reprodução via sementes e rizomas. Tratada como uma planta de ciclo curto e com a formação de touceiras.
Sua disseminação é muito eficiente, tendo em vista que produz uma grande quantidade de sementes, são sementes leves e as mesmas apresentam uma certa plumagem, sendo facilmente tocadas pelo vento.
Relata-se que umas das dificuldades com herbicida é pelo fato de ocorrer a formação de rizoma cerca de 45 após a emergência.
O controle dessa planta daninha é feito quando estas apresentam pequenas, até 3 perfilhos, pois em plantas grandes não temos produtos eficientes.
Em artigo da revista brasileira de milho e sorgo relata-se que o nicosulfuron se caracteriza como importante ferramenta no controle de capim-amargoso.
Já as moléculas haloxyfop-p-methyl e ammonium-glufosinate apresentam potencial para serem utilizadas como alternativas de controle químico da infestante.
E os herbicidas tembotrione e mesotrione, apesar de reconhecida ação graminicida, não são indicados para o controle do capim-amargoso.
Para o controle pré-emergente recomenda-se o uso de herbicidas como: trifluralina, s-metolachlor e pyroxasulfone+flumioxazin.
Buva (Conyza bonariensis)
É uma daninha bem generalista quanto a aceitação das condições climáticas, normalmente sua ocorrência se destaca entre outono e inverno.
São plantas de ciclo anual, propagando-se por semente e tendo uma ótima dispersão das sementes pelo fato de apresentarem características e estruturas que conferem fácil dispersão.
Também é tratada como uma planta daninha de difícil extinção, pois apresenta alguns mecanismos de resistência ao glifosato.
Para o controle da buva na pós-emergência do milho safrinha, é possível utilizar a associação de atrazina + tembotrione.
Já na dessecação de áreas pré plantio tem sido bem eficiente a aplicação de Saflufenacil+glifosato.
Para milho com tecnologia Liberty Link, pode-se utilizar glufosinato de amônia em plantas pequenas.
Pé de galinha (Eleusine indica)
É uma planta daninha bem espalhada em todo o território brasileiro, é uma planta de ciclo anual, ereta, entouceirada, de colmos glabros e achatados.
Planta anual, herbácea, com reprodução por semente. Tem a capacidade de se desenvolver em qualquer tipo de solo e, de preferência, em locais com elevadas temperaturas e umidade.
Recentemente, essa daninha apresentou casos de resistência ao glifosato e o mecanismo que confere a resistência envolve uma mutação no sítio de ação do herbicida.
O controle dessa planta daninha no milho é bem igual ao do capim amargoso, porém requer aplicações mais precoce, ou seja, em plantas com até 2 perfilhos.
Tigueras podem ser tratadas como plantas daninhas?
As tigueras podem sim ser tratadas como daninhas tendo em vista que não são de nosso interesse o seu crescimento e estabelecimento naquele momento e local.
Um exemplo claro é observado no caso de milhos OGM para resistência a glifosato em áreas de soja RR.
Pesquisador da Embrapa MIlho e Sorgo (MG) relata que o aparecimento de tigueras é devido a perdas de colheita, ao transporte de grãos, ao manejo inadequado de herbicidas e o cultivo repetido de culturas RR.
Objetivando o não aparecimento dessas plantas voluntárias na lavoura, recomenda-se o aumento do intervalo entre ciclos de produção (aumentar a janela de manejo) e além da utilização de herbicidas específicos para os alvos.
Conclusão
Percebe-se que a cultura do milho sofre cada vez mais estímulos expansionistas e que manejos eficientes e que reduzem os custos de produção são de extrema importância para o sucesso do negócio rural.
Desta forma, hoje relatamos como deve ser o manejo de algumas plantas daninhas tratadas como as principais do milho.
Além disso, conseguimos explorar o porque que essas plantas são tão agressivas e quais os estragos essas podem acarretar em sua lavoura de milho.
Por isso, atente-se às dicas e faça um bom manejo das daninhas em sua propriedade o que certamente vai te assegurar resultados produtivos lucrativos.
Como anda a população de plantas daninhas na sua área? Tem conseguido manejá-las de maneira eficiente?