Plantas daninhas da soja: quais são as mais comuns?
As plantas daninhas têm grande capacidade competitiva com as culturas nas quais elas dividem espaço. E com a soja não é diferente.
Há diversas espécies de plantas daninhas por todo Brasil em todas as épocas do ano.
No manual de plantas daninhas da cultura da soja feito pela Embrapa são listadas mais de 60 espécies que interferem no desenvolvimento da cultura.
Venha conhecer neste artigo as principais espécies que afetam as plantas de soja e que podem te causar grandes perdas econômicas.
Perdas de produtividade de soja devido presença de plantas daninhas
É correto afirmar que sem controle das plantas daninhas na lavoura os prejuízos são grandes.
A competição que ocorre afeta a germinação, desenvolvimento, altura, números de vagens e consequentemente a produção de soja.
Quando a área apresenta alta infestação de plantas daninhas, pode-se ter redução de 78% do número de vagens por planta.
Esse valor pode chegar a uma perda de produtividade de 80%, podendo em locais que não fizeram nenhum método de controle impossibilitar a colheita.
Em áreas onde o controle é feito tardiamente as perdas podem ser de 12 a 15% de produção dependendo da espécie de planta daninha e do cultivar semeado.
No gráfico abaixo você observa que ao controlar as plantas daninhas nos primeiros 30 dias após a emergência a produtividade será pouco afetada.
Quanto mais tempo você demorar para realizar algum método de controle, maior será a perda de produção de sua lavoura.
Outro fator a ser considerado são as operações de máquinas e implementos que são dificultados devido à presença de plantas daninhas.
Além disso, devido à falta de limpeza, esses equipamentos podem ser veículos de disseminação das plantas para outras áreas.
Portanto, conhecer as plantas daninhas que interferem na sua lavoura é fundamental para determinar o melhor método de controle.
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Plantas daninhas mais comuns na cultura da soja
A cultura da soja apresenta diversas plantas daninhas de importância, e cada região do país tem as espécies que mais ocorrem.
Entretanto, há espécies que por terem adquirido resistência aos herbicidas, estão espalhadas em praticamente todo território nacional.
Você verá a seguir, as espécies de plantas daninhas que mais são encontradas nas áreas de produção de soja.
Buva (Conyza sumatrensis, C. bonariensis e C. canadensis)
A buva se tornou uma planta daninha de grande importância na cultura da soja devido ao manejo inadequado de controle.
Por ser uma planta que tem sua germinação entre os meses de junho a setembro se tornou um alvo para a cultura da soja.
Com a soja RR, na maioria das lavouras, a utilização do glifosato para controle dessa espécie se tornou constante, gerando, inicialmente, resistência a este herbicida.
Com passar do tempo foi ocorrendo mais resistência a outros herbicidas como você pode ver na tabela abaixo:
A planta de buva pode chegar a média 150 cm de altura, com porte ereto, sua produção de sementes pode chegar a 100 mil por planta.
Devido a sua grande produção por sementes e as várias resistências à herbicidas, esta planta daninha é de difícil controle nas áreas de soja.
Capim-amargoso (Digitaria insularis)
O capim-amargoso é uma planta de difícil controle principalmente devido sua característica de formar rizomas, que são caules subterrâneos que acumulam substâncias nutritivas.
Os rizomas são formados geralmente em torno de 45 dias após a emergência da planta de capim-amargoso, conferindo a partir desse momento alta capacidade de rebrota das plantas.
Portanto, a época de controle é determinante para combater essa planta daninha.
Além dessa caraterística, a planta forma touceiras, com ciclo perene e porte ereto.
Essa planta, assim como a buva, apresenta resistência múltipla, o que significa que ela tem resistência a dois ou mais grupos de herbicidas.
Os herbicidas ao qual o capim-amargoso tem resistência são o glifosato e o haloxyfop.
A presença dessa planta na lavoura de soja pode acarretar em redução de produtividade de 44%.
Na tabela abaixo você encontra as principais características dessa planta daninha.
Caruru (Amaranthus spp)
Existem diversas espécies de caruru presentes nas lavouras de soja.
Apresenta grande agressividade na competição com outras plantas, pois sua arquitetura foliar é favorável a captação de luz, o que leva a um rápido desenvolvimento.
Há relatos que o crescimento dessa planta pode chegar de 4 a 6 cm por dia, chegando a atingir 2 m de comprimento.
Seu ciclo é curto, entre 60 a 70 dias, no entanto uma planta pode produzir entre 100 mil a 1 milhão de sementes.
Devido seu rápido crescimento e sua grande produção de sementes, há áreas em que a colheita se torna inviável devido à densidade de plantas na lavoura.
Seu manejo é dificultado nas áreas infestadas devido ao banco de sementes dessa espécie ser grande.
Além disso, já se encontra caruru com resistência ao glifosato e ao grupo de inibidores da ALS como diclosulam, imazetapir e clorimuron.
Capim-pé-de-galinha (Eleusine indica)
Essa planta daninha apresenta resistência múltipla ao glifosato, fenoxaprop e haloxyfop.
Seu ciclo de vida é de 120 a 180 dias, forma touceiras, com ramos ramificados e atingem 50 cm de altura.
É importante seu controle por ser uma planta hospedeira de pragas e doenças de culturas como soja e milho, como por exemplo do nematóide das galhas.
Além destas plantas daninhas citadas, algumas espécies que foram problemas no passado, podem ser importantes no futuro como:
- Amendoim-bravo ou leiteira (Euphorbia heterophylla);
- Picão preto (Bidens pilosa).
Já há relatos que estas espécies têm apresentado resistência ao glifosato no país e no Paraguai, então fique atento na sua lavoura!
Acima citamos plantas daninhas problemáticas no país, entretanto, algumas outras espécies têm elevada importância, porém regionalmente:
- Trapoeraba (Commelina benghalensis);
- Corda de viola (Ipomoea sp.);
- Azevém (Lolium multiflorum);
- Vassourinha-de-botão (Spermacoce verticillata L.);
- Erva-de-santa-luzia (Euphorbia hirta).
Controle geral para plantas daninhas na soja
Estádio ideal de controle para folha larga 2 a 4 folhas, para gramíneas é por perfilho 2 a 3 perfilhos por planta.
Período de entressafra melhor época para controle, com a utilização de herbicidas pré-emergentes especialmente para folhas largas.
Tenha seu foco no controle de buva na pré emergência da soja, pois seu controle em pós-emergência é muito difícil.
É recomendado que faça ao menos uma aplicação em pré emergência de graminicida para iniciar o controle de folhas estreitas como capim-amargoso.
O controle pode ser feito com alguns herbicidas como: flumioxazin, sulfentrazone, diclosulam, S-metolachlor entre outros.
Na safra fique de olho nas plantas daninhas especialmente nos primeiros 45 dias após a emergência da soja, fazendo o controle quando necessário.
Conclusão
As principais plantas daninhas na cultura da soja são especialmente as de difícil controle em todo território brasileiro.
Algumas espécies são importantes regionalmente, então fique atento nas sua região às plantas daninhas de maior ocorrência.
Faça o controle no momento ideal, pois faz toda a diferença no combate com essas plantas.
Não deixe para amanhã o controle que você pode fazer hoje, sua produtividade depende de seu acerto!
Na sua área estas plantas daninhas são difíceis de controlar? Quer saber mais sobre a cultura da soja leia nosso artigo de manejo eficiente na sua plantação de soja.
Até breve!