Secagem de grãos: entenda como funciona o processo

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Secagem de grãos: entenda como funciona o processo; passo a passo

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Encerrar as operações de colheita da safra não significa que o processo produtivo também foi finalizado.

A partir desse momento, iniciam-se as operações de pós-colheita que são de enorme importância!

Essas operações são responsáveis por garantir a conservação dos grãos produzidos, destacando-se o processo de secagem.

A secagem é fundamental tanto para o transporte a longas distâncias da carga quanto, principalmente, para possibilitar o armazenamento sem comprometer a qualidade dos grãos.

Além disso, a secagem realizada de forma correta permite a estocagem dos grãos e posterior venda do produto quando o preço for mais compensador.

No entanto, existem diferentes maneiras de se realizar a secagem que são utilizadas para diferentes espécies produtivas.

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Para te explicar o que se constitui o processo de secagem, quais são os tipos de secadores e seus respectivos custos de operação, confira este artigo!

O que é a secagem?

A secagem consiste na retirada da água dos grãos até o nível que permita o armazenamento por determinados períodos.

Isso porque, o momento ideal para a colheita de grãos é quando atingem o ponto de maturidade fisiológica, por apresentarem maior massa de matéria seca e qualidade.

No entanto, os grãos apresentam elevado teor de água nesse ponto, variando conforme a espécie, mas entre 30 a 40%.

Isso pode gerar vários problemas como embuchamento de máquinas, debulha e trilha deficientes, danos mecânicos, desenvolvimento de fungos, prejudicando a qualidade dos grãos.

O nível seguro depende da espécie cultivada, da finalidade da secagem (para a comercialização ou armazenamento),condições do ambiente e período que se deseja armazenar.

Veja na tabela abaixo, os teores de água dos grãos considerados ideais para algumas culturas.

Percentual de umidade de grãos em relação à colheita e ao armazenamento.
Fonte: Adaptado de Senar (2018)

Como ocorre o processo de secagem dos grãos?

O processo de secagem dos grãos ocorre por frentes de secagem, devido às diferenças de pressões de vapor dos grãos e do ar.

Os princípios de secagem baseiam-se na transferência de calor do ar para o grão, e ao mesmo tempo, por fluxo de vapor de água do grão para o ar.

Isso significa que, ocorre a transferência da água da superfície dos grãos para atmosfera e a movimentação da água do interior para a superfície dos grãos.

Veja abaixo um exemplo de como ocorre a secagem dos grãos.

Exemplificação do processo de secagem: a água da superfície dos grãos migra para atmosfera (A),água do interior dos grãos migra para sua superfície (B) e continuidade do processo de secagem até às pressões de vapor se iguala (C).
Fonte: Adaptado de Marcos-Filho

Com isso, para realizar a secagem promove-se o aquecimento do ar de secagem e a movimentação desse ar quando utilizados os secadores.

O aquecimento do ar de secagem tem como objetivo aumentar seu poder secante, complementando a ação de movimentação do ar.

A movimentação do ar, primeiramente, carrega a energia calórica até os grãos, aumentando sua temperatura e elevando a taxa de evaporação da água nos grãos.

Depois, esse mesmo ar, transporta para fora o vapor de água dos grãos para o ar intergranular.

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Classificação da secagem e tipos de secadores

A secagem pode ser classificada em secagem natural e secagem artificial. Dentro dessa classificação, têm-se diferentes mecanismos para a redução da umidade dos grãos.

Veja abaixo, as possibilidades de secagens.

Classificação dos sistemas de secagem de grãos.
Fonte: Adaptado de Portella e Eichelberger

Como o próprio nome diz, a secagem natural é realizada no próprio campo em que se utilizam das condições naturais do sol e do vento.

Embora apresente baixo custo, exige muita mão-de-obra, pode não ser eficiente em regiões com clima úmido,sendo mais demorada em razão.

Além disso, os grãos ficam mais propícios ao ataque de pássaros e roedores.

Já a secagem artificial consiste no controle da temperatura ou da movimentação do ar, ou de ambos, reduzindo o tempo de secagem e em grande volume de grãos.

No entanto, apresentam maiores custos de construção e manutenção.

Diferenças entre a secagem com ar natural forçado e ar quente forçado

Secagem artificial com ar natural forçado

Altera apenas o fluxo do ar, mas é totalmente dependente das condições climáticas do local realizado.

É utilizado em regiões em que a umidade relativa do ar encontra-se abaixo do ponto de equilíbrio higroscópico da umidade dos grãos. Nesse caso, torna-se econômico e eficiente.

Ar quente forçado

Quando deseja-se reduzir também a umidade relativa do ar para aumentar a taxa de evaporação da água dos grãos.

De acordo com o fluxo de grãos e sua exposição ao ar aquecido durante o processo de secagem, pode ser dividida em:

Secagem estacionária

A massa de grãos permanece sem ser movimentada e apenas o ar aquecido é forçado à essa massa de grãos.

Os grãos são dispostos em uma câmara de secagem, na qual o ar atravessa esses grãos por meio de dutos ou fundo falso.

Os secadores que apresentam esse tipo de secagem são os de fundo falso perfurado, tubo central perfurado, de bandejas e de sacos.

Podendo ser utilizados para milho, soja, feijão, trigo, arroz e sorgo.

Funcionamento do silo secador estacionário de fundo falso perfurado (A) e exemplo de um secador estacionário (B).
Fonte:Portella e Eichelberger e Silomax

Secagem contínua

Tem-se a movimentação dos grãos sob ação do ar durante todo o período de secagem.

Ou seja, os grãos passam pela câmara de secagem e saem do secador com a umidade desejada.

Funcionamento do secador contínuo (A) e exemplo de um secador contínuo de coluna (B).
Fonte:Portella e Eichelberger e Silomax

Secagem intermitente

Os grãos são submetidos à ação do ar aquecido na câmara de secagem em intervalos de tempos regulares, intercalados com períodos sem a circulação do ar.

Utilizados principalmente para secagem de grãos de arroz e de milho, além da secagem de sementes de trigo, feijão e soja.

Funcionamento do secador intermitente (A) e exemplo de um secador intermitente para arroz (B).
Fonte: Portella e Eichelberger e Silomax

Contudo, a escolha do melhor sistema de secagem e o tempo necessário em cada processo vai depender de fatores como a espécie de grão e sua finalidade, umidade relativa, teor de água inicial e desejado para os grãos.

Veja na tabela abaixo, as diferentes temperaturas de secagem utilizadas nos sistemas de secagem.

Temperatura do ar de secagem na entrada do secador para grãos, com finalidade ao consumo animal, em diferentes sistemas de secagem.
Fonte: Adaptado de Elias, M.C.

Custos da secagem de grãos

O processo de secagem envolve a utilização de equipamentos que podem ter um custo elevado.

No entanto, são inúmeros os benefícios que a secagem de grãos pode retornar e para saber o custo dessa operação estão envolvidos vários fatores.

CT(custo total de secagem)= Cf (custos fixos) + Cv (custos variáveis)

Cf: Depreciação, juros sobre o capital investido, impostos, mão-de-obra indireta;

Cv: Combustível, energia elétrica, reparos e manutenção e mão-de-obra direta.

Assim, você encontrará o custo por quantidade de grãos seco e poderá analisar se para sua lavoura seria interessante manter toda a estrutura de secagem ou alugar por determinado tempo.

Conclusão

Neste artigo você viu por que é realizado o processo de secagem dos grãos e sua importância para garantir a qualidade da produção final.

Viu também sobre os diferentes sistemas de secagem e respectivos tipos de secadores.

Além disso, observou que pode ser muito vantajoso e até mesmo indispensável a realização da secagem dos grãos, mas deve-se fazer o custo desse processo para ver qual a melhor maneira para você investir.

Conseguiu tirar suas dúvidas e quer saber mais sobre o tema? Aproveite e leia nosso artigo sobre Custo de produção da fazenda: saiba como calcular o seu!

Até mais!


Publicado por:
Engenheira Agrônoma pela Universidade Estadual de São Paulo (UNESP),mestre em Sistemas de Produção pela pela mesma instituição. Doutora em Fitotecnia pela Universidade de São Paulo (ESALQ/USP).
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